quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Dedicatória

Dedico cada batimento cardíaco das minhas palavras…
A todos os que amo incondicionalmente de sangue ou de coração.
A todos que me ouvem, me lêem, me apoiam.
Aos que estão cá e aos que já não tenho.
Aos que voltaram e aos que nunca, mas nunca voltarão.
A todos os que me amam ou já amaram.
Aos que já não amo.
Aos que me ensinam e aos que me estragam.
A todas as palavras cruéis e não menos importante, aos que me odeiam.
A quem me conhece e a quem teima em não me conhecer.
Aos desconhecidos que se cruzam.
Aos que me fazem viver e aos que me magoam bem fundo!
Ao amor, à vida, à morte, à natureza, aos sentimentos e a mais qualquer coisa…
No fundo…ao que me inspira e faz de mim o que sou!


in, Ousadia de Sentir

domingo, 28 de novembro de 2010

A tua praia

Espero-te…
Sonho-te…
Desejo-te…
Suplico-te que venhas!
Vem deitar-te na areia… quente e escabrosa, como eu!
Ofereço-te a minha praia inteira!

Às vezes tu dizias que eu era a tua sereia e eu gostava.
Gostava porque nesse tempo era só sedução…era jogo manobrado, diversão.
Nunca dei o mergulho e nunca pedi que o fizesses também..
Nunca deixei que fosses rede.
Eras tão-só um isco que nunca mordi.
O mar era turvo, revolto e de um vermelho berrante.

Agora, ao invés…
Concedo-te a fantasia de seres peixe e mergulhares em mim.
Mergulha no meu corpo que é o teu mar…
Mergulha!
Faz do meu peito a tua enseada, o teu regaço mais abrigado.
Concedo-te a graça de seres o imperador do meu mar.
Que cada seio seja uma onda agitada que se levanta para ti.
Que as domines, mas que ainda assim te sejam um desafio.
Que o meu mar se abra para que lhe conheças o fundo.
Mergulha no meu íntimo, no mais profundo de mim.
Eu quero…
Transforma o vermelho em verde água limpo.
Quero ser-te cristalina.
Quero ser-te verde, de uma esperança pura.
Acho que te amo…

Concedo-te o desejo de seres o sal da minha água.
E que a equilibres ao teu gosto…
Água doce é insossa e salgada demais traz secura.
Quero ser a tua praia, vem à minha praia!


Sê peixe, sê pirata, sê criança, sê senhor, sê sal, sê doce.
Sê o que quiseres.
Mergulha no meu mar.
Faz castelos de areia.
Mexe nas minhas cores e mistura-as, se quiseres.
Controla a minha rebentação e as minhas ondas.
Deixa pegadas longas e sem fim.
E no fim, cansado e realizado deita-te sobre a areia.
Com calma… sereno!
Que se levante uma brisa melodiosa e suave.
Nesse momento, verás tudo voltar ao seu lugar.
A paisagem difusa e fosca converter-se-á na mais nítida de sempre.
A lúz fechada e trémula abrir-se-á num radioso sol que jamais viste.

Ofereço-te a minha praia completa!
Vem... fica... sê meu… e pronto, ama-me!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

...sou uma exaltada

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!"


Florbela Espanca, Carta a Guido Battelli

sábado, 13 de novembro de 2010

A morte é nada


De que vale amaldiçoar os céus?
De que vale pedir tempestades de sentimentos?
Transformar a vida num mar escuro de arrependimento.
Dilúvios de lágrimas vivas.
Não posso fazer o tempo seguir o sentido inverso...
E se tal proeza conseguisse, nada seria como antes.
Entende...
Partimos a bola mais importante do malabarismo do amor.
Vamos apanhar os cacos do chão?
Para quê?
Há-de faltar sempre um pedaço irrecuperável... irrecuperável como aquele nós!
Não te censuro.
Não me culpo.
De que vale o ódio senão para dar-mos um ao outro uma importância que já não temos...
Ou não deviamos ter!
De que vale recusar o futuro?
De que vale impregnar as fotografias de pragas?
Nada muda... nada melhora... nada volta...
E se volta, não volta ao mesmo lugar.
De que vale desejar a morte?
A morte é nada...
E nada já somos nós!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ousadia de Amar

Vergo-me numa vénia sentida.
Prostro-me sem vergonha nem timidez.
Ergo os braços ao céu num gesto de profunda veneração.
A ele solto um alto grito de estima e agradecimento…
Felizes dos destemidos de amor e dos arrojadamente amantes,
Honrados os que ousam sentir!
Estendo-me aos pés dos que têm o coração a doer,
Porque o amor também dói,
Amar é, tantas vezes, um abraço forçado com a desilusão.
Amar é viver, é uma valente ousadia,
Louvados os emocionalmente audazes!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Amizade


Amizade é o entendimento supremo de duas almas que não têm que ser iguais ou perfeitas, é amar ferozmente a imperfeição do outro e perdoar as suas falhas.
É ter a coragem de lutar à frente do nosso amigo em qualquer batalha, mesmo que não seja nossa, é amparar golpes profundos e beijar feridas.
Sentimento de dedicação, partilha, entrega e fé que nos deixa rir, chorar, amar e sonhar sem nunca deixarmos de ser nós, porque nele não há espaço para restrições.
Não há traições nem desconfianças, há seguranças e mãos no fogo com a certeza de não nos queimarmos.
Amizade é um eterno amor que dispensa desfiles, artifícios e procissões de vanglória superficiais e plásticas.
Mas, é ostentar a vaidade e o orgulho no outro, não por quem os outros desejavam que ele fosse, mas por quem ele é.
E fazê-lo sem medos, segredos e preconceitos.
Ser amigo é aprender, crescer a cada instante e aceitar as diferenças, trazendo-as para um mundo não meu, não dele, mas um mundo nosso.
Sentimento de concórdia em que os silêncios e os olhos sussurram palavras de afecto em momentos de fragilidade e tragédia.
Este sentimento grandioso que nos alimenta o espírito e nos prova que vale a pena quebrar fronteiras e derrubar barreiras, a fim de encurtar as distâncias da física e da mente.
Ter um amigo é ser-se imortal, é viver para além da vida e da morte no coração de alguém, é não se estar só nunca, é sentir um coração bater em uníssono com o nosso.
Amizade é mais do que um pacto de sangue, muito mais do que corpos, é ter intensos e apertados abraços que nos resguardam o coração, numa comunhão de fidelidade.
Amizade é poder gritar ao mundo e aos céus, um alegre, apaixonado, encantador e agradecido Aleluia!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Mal-Amadas

Todas elas dissimuladamente belas e imperfeitamente completas.
Mãos e olhos brilhantes, regaços confortantes, abraços firmes.
Amadas e surpreendentemente deixadas de forma precoce.
Sem tempo de aprofundar os laços, sem tempo de se mostrarem por inteiro.
Algumas delas rasgadas, de peitos esfarrapados pela desilusão.
Tão usadas, tão gastas pela amargura.
Algumas delas fracas.
Debilitadas pela ausência de sentimentos profundos, de relações verdadeiramente intensas e recheadas de batimentos cardíacos acelerados.
Muitas delas de fraquezas intrigantes, viciadas no desalento.
Amadas e irremediavelmente sós.
Parte delas apaixonadas demais.
Todas elas incondicionalmente amantes.
Insinuantes, sedutoras.
Jovens de sangue feróz.
Tão desmascaradas quanto genuínas, deixam-se virar do avesso e despem-se mostrando a alma.
Abertas, transparentes, vão ao reverso de si, sem medo.
Cabeças leves e corações pesadamente arrebatados.
Forçadas pela vida a serem exigentes.
Eu espelhada em quase todas.
Não me escondo, não tenho máscaras, pinturas nem disfarces.
Vivo os sonhos, tenho fantasias.
Elas como eu...
Perdidas nas encruzilhadas dos mares insossos, submersas num mar de enganos.
Todas elas e eu... tristemente mal-amadas!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ontem houve poesia

Ontem bebi café e...bebi palavras, muitas palavras.
Palavras bonitas, algumas rudes ou abrutalhadas, palavras verdadeiras, sentidas.
Palavras não minhas nem das pessoas que lá estavam.
As palavras eram do Pessoa.
O genial, o incomparável, o louco mais saudável que eu já vi.
Eram dele as palavras, dele e do seu fiel amigo e companheiro.
Esse mesmo... Mário de Sá-Carneiro.
Companheiros na dor e no infortúnio da vida.
Palavras únicas, inegavelmente tão actuais, porque os sentimentos não têm prazo.
Se gostei ?!
Amei... como sempre!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Surpreendente Traição

As máscaras caem.
Abre-se o pano do engano e da desilusão.
Surge ao fundo, envolta em veludos pesados de tons verde acinzentados.
Caminha segura...
Poderosa.
Altiva.
De faca empunhada no seu pulso firme e frio.
Aí vem ela.
Vem pelo caminho ardiloso..
Ela... a Traição!

Traição

Imagina uma faca delicada e meticulosamente afiada que, gradualmente ou num segundo apenas, te entra na pele e te corta a carne com uma facilidade assustadora e feroz.
Dói! Dói bem lá no fundo!
A traição é bem assim, uma dor dilacerante, agonizadora, profunda, é uma espécie de ataque surrateiro e inesperado, que muitas vezes nos apanha desprevenidos.
A traição veste-se com tantas roupas diferentes e usa tantos artificios para se esconder, para nos enganar. Mas confesso que até prefiro aquela que vem nua. Despida de tudo e, por isso, menos surpreendente.
Prefiro a traição esperada, a que não espanta, mas que magoa da mesma maneira.
E não falo da traição ente homem e mulher, a traição amorosa….falo da traição no seu sentido amplo, em todas as suas amplitudes.
Traição é engano!
Traição é fuga!
Traição é ironia!
Traição é guerra, é morte é fim!
Creio que todos já foram de alguma forma atraiçoados, traídos nas suas confianças, no entanto, soaria a hipocrisia admitir que há muitas pessoas que nunca trairam.
Deve poder-se contar pelos dedos de uma mão.
Na verdade, quase todos já traíram alguém num segredo mal guardado, em expectativas depositadas em si… Outros traíram a sua fé, a sua pátria ou alguma ideologia.
Muitos traíram na cama, no sexo, mas não esses os maiores traidores.
Os maiores traidores são os que usam máscaras, mentiras de veludo, gestos de cetim, esses que iludem, que prometem, que juram e que dão os famosos abraços tão apertados quanto letais na sua falsidade. Os que conseguem mentir com os olhos e quase com a alma, os mascarados, uns infelizes assassinos.
Judas!!!
Mil vezes Judas!!!
Há tantos judas à nossa volta!
Importa referir aqueles que traem com a boca,mas nunca com os olhos ou com o coração. Esses são os fracos, que se traem a si próprios na tentativa frustrada de fazer melhor ou supostamente certo!
A traição é um ferida, tantas vezes incurável, tantas vezes mói e mata.
Mata a confiança que no malabarismo dos sentimentos, é a bola de vidro. É bola que se cair não salta de novo, ao contrário, parte-se no chão em mil pedaços impossíveis de colar ou recuperar.
Trair é partir a confiança!
A traição é isto e muito mais que não me sai em palavras. A traição é essa faca afiada ou um simples canivete que vem não se sabe bem porquê e nos fere em vários golpes.
A vida é mesmo assim….a faca espeta e surge o inevitável “Porquê?!”.
Traição é uma ardilosa cilada, uma má-fé que nos derrota, nos maltrata e nos desmancha de quando em quando…

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Na palma da mão

Eu sou o fado, o triste e o alegre.
Sou todos sem excepção!
Eu tenho as lágrimas, as intermináveis e as enxutas,
E também as do perdão!
Eu sou vida e sou sorte,
Na paixão e na solidão!
Eu guardo o meu destino,
Bem apertado na palma da mão!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sempre

Sempre que a natureza chama, mergulhamos.
O nosso mar!
Sempre que os astros pedem, amamos.
As nossas estrelas!
Sempre que me pedes, abraço-te.
Os meus braços!
Sempre que te pedir, beija-me!
A tua boca!
Sempre…nós, sempre amor!
Para sempre...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O teu sorriso

Guardo aqui o teu sorriso…
Trancado dentro do peito.
Bem sabes que dele preciso,
Sempre que sozinha estou no leito!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Não sei de nós

Arrasto-me pelos dias numa busca que me vai agonizando.
Procuro-te nas ruas por onde desfilamos procissões de promessas.
Procuro-me nos cantos, agora desertos, onde te cravaste em mim.
Ânsias, desalento, terror… escuridão de emoções que me sutenta!
Encontro-nos em cada esquina fria e gasta.
Esquinas gastas pela surpresa de nunca te ver chegar.
Esquinas gastas pela certeza de eu sempre te esperar.

Tenho frio...
Não sei de ti, de mim, de nós e tão-pouco sei do que nos separa!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Os meus olhos

Os meus olhos dizem o que a boca não ousa pronunciar…
Porque as palavras eu controlo, mas o coração não!
Porque tantas vezes me traio em conversas, mas no meu olhar não!
Porque os olhos são leais à alma , mas a boca não!
Porque os olhos falam sem falar, mas a boca não!
Porque os olhos brilham, mas a boca não!
Porque os olhos são paz e afecto…a boca é matéria, é razão!
Porque os meus olhos não gostam do escuro…
E eu também não!
Sim! Os meus olhos não têm faz de conta…
E eu tambén não!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Noite de glória

Noite bela de céu escuro e luminoso.
Quente… noite velha e escaldantemente preciosa.
Loucos!
Unidos debaixo de um manto escuro.
Loucos recheados de paixão, inconscientemente tão íntimos.
Danças e roucos uivos por entre o denso arvoredo.
Pequenos brilhos no meio da folhagem denunciam os companheiros da noite.
Lua e todos os astros num perfeito alinhamento cósmico.
Rituais de lascívia interminavéis, penetrantes e intensamente ondulantes.
Garrafas vazias, roupas despidas e corpos de encaixe sinuosamente perfeito.
Ah! Noite de glória!
Nós…!
Loucos de ânimos desordenados em jogos e toques de cetim.
Insanos de corpos celestes e razoavelmente excessivos.
Devoramos os sentidos e toda a natureza com uma avidez impetuosa.
Noite de arrebatamento em que fomos grandiosos meteoritos.
Noite…atrevida!
E nós perigosamente ousados naquela escuridão.
Nós aparentemente inquebráveis e tão eternos.
Nós…os mesmos que precisamente antes do amanhecer… já não existiam!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Mais triste que o próprio fado

Que importa se o fado é triste,
Se mais triste sou eu por não te ter!
Converteste o nosso amor num deserto,
Onde não há água, almas ou amor.
Não há nada!
Uns braços que se desprenderam,
Um coração interrompido,
Uma vida quebrada!
Triste fado, triste deserto, triste rumo.
Infindável e triste caminho sem dia,
Este caminho sem ti!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

...a última

Hoje fui à praia, olhei o mar e lembrei-me de ti.
Sentei-me na areia, vi o sol alto e enconberto, a maré cheia.
Apeteceu-me ver-te, ver os teus olhos tão lindos, tão brilhantes!
Apeteceu-me o teu abraço, o teu carinho e o teu sorriso pronto.
Hoje olhei o mar... faz-me sonhar...
Lembrei-me de ti, de como és lindo!

És como o mar!
Senti uma pontinha de saudades.
Fiquei a ouvir o schschsch das ondas...a sorrir e a pensar em ti!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Se me visses...

Quando me olhares, por favor, vê-me!
Já não aguento que me toques e não me sintas…
Tens-me sem que seja tua!
Para ti os meus gritos mais agudos são mudos!
Não abraces o desconhecido, não me encontro lá…
Inspira-me na tua exacta realidade…
Eis-me cá!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Passado fica no passado

Prendo-te na memória daquele beijo antigo que nunca demos!
Adoro ver-nos lá longe no baú das recordações.
Lá a nossa história tinha beleza e nós éramos mais bonitos…mais puros, mais genuínos e muito mais sonhadores.
Naquele tempo tudo era intensamente sentido, éramos imortais e não tínhamos idade.
Lá atrás a vida corria-nos nas veias, a paixão saltava-nos dos olhos, nunca estávamos cansados um do outro, aliás nunca estávamos um sem o outro!
Traz saudade pensar que os nossos laços já foram inquebráveis…naquela altura nenhum sentimento se esgotava e as palavras não se transformavam em armas afiadas e letais.
Um passado inatingível, desmesuradamente distante que até parece uma outra vida.
Uma vida estranhamente perdida no meio de nostalgias, ausências e melancolias.
Esta vida que acorda a cada passo do meio do pó, não se deixando apagar ou esquecer… teimosamente lembra-me que existiu e desperta-me o imaginário do que nunca aconteceu.
Faz-me voltar ao "se", ao "porquê" ao "destino"…à "escolha".
Foste meu naquele pretérito que fica muito para lá do que a vista alcança e do que o coração sente.
No entanto, houve tanto que nunca foi, tanto que não se realizou nem se sentiu… tanto que nunca demos e nunca fomos!
O que faltou ressalta a importância de se tentar, para que não haja espaço no futuro para lamentações e arrependimentos.
Não tentamos, mas a nossa beleza reside aí, no que não aconteceu, não transformando a nossa excelência em vulgaridade!
Não demos o beijo…e agora tudo é excessivamente antigo e com gosto a mofo.
Guardo-te para sempre na outra vida, que não morre nem tem fim.
Estás cá, estás presente dentro de mim…continuamos irresistivelmente belos e inesquecivelmente especiais nas lembranças… mas, tão-somente nelas!
Por isso, deixo-te ficar arrumado naquele passado, é lá que gosto de ti…não hoje!

Gosto tanto quando olho para trás...

sábado, 15 de maio de 2010

Asseguro-te que...

Não há razões,
Nem ouses dar-mas!
Desconheço motivos.
Desconheço causas.
Não vás procurá-las!
Se estas achares,
Deves guardá-las!
Não sei das ligações…
Ignora-as também!
Não me dês uniões!
Que se mas deres,
Fica certo…
De que vou usá-las!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Crise sentimental

Uma vez que o meu ano nunca começa como manda o calendário, começa sempre dois meses antes, cá me encontro a meio do ano e fechada para balanço.
Faço contas à sinistralidade emocional da minha vida e à quase ruptura sentimental.
Ora bem, um sinistro grave com direito a relato público, do qual resultou um traumatismo irreparável.
Seguem-se dois ou três choques frontais, com ferimentos ligeiros e alguns estragos, culpa da minha "irrepreensível condução". Um causado porque estava a olhar para o lado, outro porque alguém resolveu atravessar de repente e um último porque simplesmente tive que me desviar de um buraco que seria pior.
Acresce à lista uma batida sem grandes estragos, culpa do álcool.
E uma outra de estacionamento (não vi que o lugar estava ocupado) que causou estragos alheios de valor médio.
Vistas bem as coisas, podia ter sido pior.
Uns, culpa minha, outros nem tanto…ainda foram alguns acidentes.
Mas, dizem que a vida e o amor são mesmo assim "acidentados"!
Em todo o caso, acabo de me multar numa coima elevadíssima com uma pena acessória que nem vos digo.
Face às despesas resultantes da sinistralidade, encontro-me, portanto, em vias de falir.
Já não tenho meios para fazer face à crise e, com efeito, avizinha-se uma falência sentimental.
Imagine-se…eu à beira da falência! Quem diria?! Pois…
Por outro lado, é de salientar que tenho às costas um processo, por ter passado uns cheques sem cobertura (sempre pensei que a minha conta corrente dava para cobrir aquele amor).
Como podem ver, o panorama é negro e a crise amorosa generalizada não ajuda nada. Nadinha mesmo!
Já fiz alguns investimentos e até já concorri a alguns financiamentos…vamos ver como corre...

Com um jeitinho ainda ponho o coração a leilão - "leiloa-se coração em segunda mão, não muito económico, espaçoso, com alguns extras e,tendo em conta os acidentes, em bom estado"!
Desejem-me sorte!! ;)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Amo a nossa dança!

Implorei por eterna solidão!
Queria tanto o gélido silêncio, queria ouvi-lo com a sua voz pacificadora que diz tanto, com a sua classe de nada dizer.
Falei com ele, tantas vezes em conversas sigilosas e deveras sufocantes.
Ele disse-me que o tempo é um santo milagroso, que é remédio para males do coração e o melhor antídoto para a desilusão.
Apressada e descrente, pedi que se calasse e, como sempre, não quis esperar.
Procurei o fim…corri atrás dele de mão dada com o medo, corri como quem corre atrás de um sonho!
Preferi dar voz à dor, que dava festas de arromba dentro do meu peito.
Risos altos de luxúria, risos de quem troçava de mim e de todo o meu desânimo, risos que ecoavam por todo o lado.
Aqueles risos, sempre aqueles risos que me apunhalavam e perseguiam.
Desejei paz, desejei-a tanto!
Não te esperava, mas tu tinhas mesmo que chegar…
Amaste-me no primeiro instante e…ao invés do que pedia, deste-me revolução!
Quando todos se calaram, deste voz ao meu triste sossego e calaste o meu grito.
Mudaste a minha solidão, devolveste-me o sorriso e os abraços.
Apagaste a sombra de um passado triste com cores gritantes, aveludadas e quentes, como eu gosto!
Trouxeste de volta as músicas e cantaste-me a plenos pulmões, numa melodia que agora também é minha.
Desafiaste-me e seduziste-me!
Vieste com uma mão cheia de tudo e um coração aberto para que eu nele entrasse.
E eu não, disse que não.
Respiro de alívio porque soubeste, desde sempre, que o meu não é apenas uma palavra à espera para dançar…
Entrei…
Amo esta dança!
Não vou sair de ti…

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Liberdade de amar

Numa bela tarde de Inverno conheci o amor.
Sem qualquer despudor deixei-o partir…
Se volta?
Não sei…
O que importa?
A solidão não sabe o meu nome,
Na alvorada outro vou encontrar…
Abraço a liberdade sem temor,
E não me canso de amar!

terça-feira, 30 de março de 2010

Aquele dia...

Daquele dia guardo ainda a memória bem fresca.
Apaguei todas as palavras de paixão que trocamos.
Derrubei todas as pontes que nos pudessem ligar.
Esgotei as conversas,esgotei mesmo!
Mas, daquele dia guardo o gosto amargo do abandono
Cristalizei as lágrimas dentro do meu peito.
Peito dorido e ferido com marcas de sangue.
O mesmo sangue que antes fazias fervilhar dentro de mim.
Permanecem as perguntas suspensas num tempo que não volta.
Passaram-se anos e continuas tão presente!
Naquele dia conheci-te, abracei-te, perdi-te e temo que para sempre…
Tentei resgatar o passado, o único que valeu a pena.
Já tentei resgatar tudo ou qualquer coisa..
Mas, estás num futuro bem distante do meu.
Continuo a sonhar e a desejar poder sentir de novo a tua mão.
A tua mão grossa que me dava tanta segurança.
Ainda espero sentir, pelo menos uma vez, o teu perfume.
Às vezes ainda o sinto…tão igual…
Fecho os olhos e ainda ouço a tua gargalhada…
No meu silêncio escuto as palavras que me sussurravas baixinho…
As minhas memórias persistem, trazem saudade.
Já não sorrio quando penso em ti… não posso!
Há músicas que nunca mais ouvi… eram tuas, eram nossas!
A cada passo volto às imagens, gastas!
E mesmo doendo, peço-te que venhas…

Como vieste naquele dia...
Não esqueço aquele dia!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Se te amo!

Se te quero?
Não me quero sem ti!
Se te sinto?
Ainda te sinto em mim!
Se te procuro?
Quando estás, encontro-me!
Se me lembro?
Nunca esqueço!
Se te espero?
Não desisto!
Se te amo?
Ah…! Se te amo!

terça-feira, 23 de março de 2010

Não Sei Explicar...

Não sei bem o que sinto.
Nem sei o que deveria sentir.
Confusão.
Cansaço.
Sim,é fraqueza.
Uma certa indiferença, talvez!
O que importa o passado agora?
As lembranças são para arrumar.
Depois de tanto tempo…
Só agora?
Tão pouco para quem era tanto.
Reconheço que até gostei.
Parte de mim nada sentiu.
Mas, algo se mantém sempre que vejo o teu nome…
O coração ainda bate descompassado.
O turbilhão que me percorre em segundos.
A saudade, maior do que a distância.
E…
Continuo a desejar o abraço da despedida!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Aos 24 foi assim...

Cresci.
Chorei as minhas dores e desilusões.
Ri, ri muito.
Dei as maiores gargalhadas.
Mudei.
Aprendi tanto.
Perdi e ganhei em igual medida.
Abracei ainda mais.
Enterrei fantasmas.
Conheci pessoas e lugares.
Fiz amigos, amigos de verdade!
Escrevi.
Pedi conselhos e palpites.
Também eu os dei.
Dancei.
Amei demais.
Apaixonei-me.
Cantei a plenos pulmões.
Experimentei.
Espalhei sorrisos.
Falei, falei, falei.
Dei-me.
Viajei.
Vi maravilhas.
Vi maior.
Atravessei tormentas.
Saltei.
Mergulhei no mar.
Esqueci.
Cumpri metas.
Abri baús.
Guardei corações.
Consertei o meu.
Beijei ao acaso.
Beijei com certeza.
Senti brilhos.
Lembrei-me.
Bebi muito.
Acrescentei rugas.
Saudades.
Disparates.
Rasguei cartas.

Exaltei poesias.
Vivi.
Fui Feliz.
Fui eu.
Despeço-me desta idade.
Troco de pele.
Brindo-me…
Continuo menina.
Venham mais, quero muitos!!!!!!!

quinta-feira, 11 de março de 2010

O Legítimo Pedido

Faço-te um pedido,
Faz-me o favor de o cumprires!
Peço-te…
Quando te lembrares de mim,
Esquece-me por mais uns anos!
A nossa beleza está em não nos falarmos…
E dar-mos ao silêncio o triunfo da sua sabedoria.
Ver,
Não dizer uma palavra,
Reter as lembranças…
E deixar a imaginação cuidar do futuro.
É só o que te peço!!!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Aquela Dor No Peito

O Inverno passou e levou consigo todas as folhas caídas.
Meses de Inverno que foram anos…
A nossa história continua suspensa no vazio deixado pela tempestade.
O mau tempo passou… e essa dor que teima em ficar.
Uma dor no peito que te atravessa o corpo como um punhal de mágoa.
Não passa!
Tormento dos perdidos de alma e desafortunados de espírito.
Agonizas nesse martírio e suplicas por um tempo de serenidade.
Não chega!
Dor que difamaste na ignorância da sua grandeza.
Pausadamente te trespassa.
Quebraste a promessa da nossa eternidade.
Todas as juras…
Abatidas pela miragem que julgaste ser o teu céu.
Ah…! Um paraíso naufragado num mar de enganos…
Agora não aguentas essa culpa.
É demasiado pesar para um condenado.
Não aguentas…
Não chegam todos os meses, todas as estações e todos os anos.
As tempestades do tempo frio não limpam a amargura.
Perdeste o sentido e rasgaste as esperanças construídas.
Respondes com o peito, num grito de aflição contra o qual nada podes.
Ironia de dor que relevaste.
Dor que mata!
Impiedosa dor no peito que faz dos vivos miseráveis mortos.
Dor de quem carrega lágrimas de uma palavra largada ao vento.
Não a agarraste…
Ventura quebrada.
Destino que não abraçaste.
Sobra-te o infortúnio e esse irremediável remorso.
Felicidade estacada numa dor no peito que ainda não passou.
Uma dor seca como as folhas caídas de fim de estação.
O regresso é o caminho para o tempo feliz que há-de vir, sem tristeza.
Vem!
Só assim conseguirás chegar ao calor…
À estação das flores e da reconciliação da paz no peito.

terça-feira, 2 de março de 2010

Há Dias Assim...

Há dias em que me esqueço de ti, mergulhada nas explicações do destino, e teorias da predestinação.
Nesses dias perco-me nas minhas próprias encruzilhadas e essas tralhas do sentir.
Há dias em que me afundo dentro de mim mesma numa busca interminável.
Nesses dias, o mar é tão escuro e o céu tão vazio.
Sigo as pegadas da ilusão e da estabilidade imaginária.
Vou apagando a desilusão e reinvento esperanças nulas.
Há dias em que me esqueço de ti e nem ouso pronunciar o teu nome.
Perco-me em arritmias e palavras gastas.
Quando me encontro nunca te acho…
Nunca estás!
Chamo por ti em silêncio.
Tenho a voz áspera dos desafinados de amor.
Porque nunca te encontro?
Há outros dias em que me lembro de ti e de toda a tristeza que me ofereceste.
Ah! Essa ferida mal curada.
Mas, esqueço-te…tantas vezes!
A cada bater descompassado, a cada noite, a cada lua…
Lembro-me que te posso esquecer e conto todos os dias em que te esqueci.
Lembro-me a cada instante que o melhor é mesmo esquecer o que teima em não ser lembrado!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Promessas

Não foi amor que te prometi, nem o eterno esplendor do coração.
Melodias, longos abraços, olhos cintilantes… não!
Não te prometi nada que com tal se confunda ou pareça.
Nem céu, sol nem mar…Só um humilde chão quente para a ocasião.
Prometi um genuíno momento.
Intenso, mas apenas um momento.
Não te prometi laços profundos, foram simples mãos e braços.
Percorrer caminhos lado a lado, não prometi!
Porém, dei-te pernas… Duas pernas numa dança envolvente.
Dei-te um corpo despido, sem futuro nem paixão.
Prometi amizade, muito respeito e cumplicidade talvez!
Nunca te prometi sermos mais do que, alguma vez, poderíamos ser…
E somos tanto!
Não te prometi fidelidade, deixa isso para os casais!
Não fiz promessas exageradamente loucas e grandiosas.
Tenho para mim que quem as faz, mente demais… ou muito ama.
E, bem sabes, que jamais proferi dessas requintadas mentiras de veludo!
Prometi apenas o que sabia certamente possível, sem réstia de incertezas ou erróneas esperanças.
Pois então, não me culpes… o "sem amor" não quer culpas!
E as mágoas são tristes pesadelos que não deves guardar.
Poderia usar esse velho e esfarrapado chavão, esse ridículo de mereceres melhor.
No entanto, não é melhor nem pior…mereces, como qualquer pessoa, amor, só isso!
Por isso, mesmo doendo, dou-te a tão seca verdade…
Sim… não te amo!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Fecho a Ferida

Fui tudo sem medida,
Tive o céu e o mar.
Agora uma perdida,
Com esta falta de amar.

Ouço os prantos,
Mas largo a dor.
Os erros foram tantos,
Não guardo rancor.

Não importa a razão,
O coração diz que sim.
Concedo-te o perdão,
Num abraço sem fim.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Lá estavas tu...


Lá estavas tu, sabia que ias lá estar.
Não te reconheci…
Esperei uns longos instantes e não fui capaz de reconhecer em ti, ou em algum pormenor, o homem que amei.
E estavam lá as mãos, as mesmas mãos, mas sem música.
Não vi música nas tuas mãos.
Estavam os olhos, mas esses eram já outros.
Não vi as estrelas nos olhos.
E as botas, as mesmas botas castanhas esmurradas, não tinham já aquela essência selvagem.
Compraste-as para me agradar….lembro-me!
Mas, as botas são de outro agora porque não te vi.
O tempo tem-se encarregado de te acentuar as rugas e os anos que nos separam.
Essa diferença sempre te provocou um aperto no peito.
O teu semblante carregado e pesado, denuncia o marasmo que em que a tua vida se tornou.
Sem o turbilhão, o arrebatamento… o fascínio da surpresa.
Sempre te disse que a felicidade não vem com a solidez dos sentimentos pesados e medidos.
Esforcei-me, as palavras não foram suficientes e os gestos, esses, tu nunca entendeste.
Onde está o teu brilho e o teu sorriso pronto?
Eu sei.
Ficaram perdidos para sempre naquele dia em que foste embora e decidiste-te pelo caminho paralelo e tão longe do meu.
Apostei tudo numa partida que, no meu íntimo, já sabia perdida.
Lá estavas tu preso ao silêncio do orgulho, distante.
Senti frio, um triste frio que me gelou as lágrimas perante uma realidade que não quis ver, que jamais imaginei ou esperei que fosse verdade.
Não vi o céu no teu regaço, nem o mar na tua boca.
Não pensei nas metáforas que a beleza da tua imperfeição me despertava sempre.
Não tive grandiosidade no meu espanto, não senti a leveza que os seres especiais nos despertam à vista.
Não vi nada de dimensões encantadas.
Outrora os elogios exaltados não chegavam, agora são demasiado para ti, para o que vejo.
Porque o que vejo, é o que lá está…
Tu já não és tu, não te conheço!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

As Minhas Mãos

Leva-me tudo!
Deixa-me apenas a sensibilidade…
É ela que me sussurra.
E pelas minhas mãos te fala.
Peço-te que me deixes as mãos.
São as minhas mãos que te escrevem…
E te tocam!

Escrever é um processo de regresso a ti...
Só assim te sinto!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Velho Banco

Gosto daquele velho banco da praça.
Que foi ali ficando meio perdido, propositadamente esquecido e só.
Tão anonimamente conhecido.
Banco meio coxo de pedra gasta e macia.
É de um acinzentado nu e brilhantemente polido pelo tempo.
Valente sobrevivente, pobre de elegância e tão valioso de testemunhos.
Sem a imponência digna de um postal de recordação.
Porém, eternizado na memória de muitos.
Inspirou poetas e serviu artistas.
Histórico palco de entusiasmantes encontros.
Nele se cravam também longas despedidas.
Impregnado de momentos à roda dos quais pairam sentimentos genuínos.
Docemente acarinha os que, como ele, andam eternamente sós.
Sós na vida ou naquela praça sem idade.
Já foi casa despida em tantas noites de solidão.
E reconfortante pouso em tardes quentes de sol escaldante.
Silencioso confidente e servo ouvinte dos que lhe abrem a alma.
Companheiro dos pássaros, seus fiéis guardiães que lhe trazem uma exclusiva melodia.
Um firme abraço sem braços, sempre tão seguro.
Constantemente disputado e ocupado, sendo de igual forma irmão do abandono.
Ás vezes quente, às vezes frio.
Fiel ao turbilhão da sua praça movimentada e ao tropel que, de vez em quando, por ali passa.
Gente que o olha, mas não o vê.
Alguns nem o sabem ali, estando ele sempre lá.
Preso na sua imobilidade a um chão que não é seu.
Sem ser dono de si consegue ser dono de uma esplêndida vista do rio.
Nobre banco que não se cansa, não foge e não escolhe.
Tão meu e de toda a gente.
Gosto daquele meu velho e singelo banco sem fama…
O seu único nome é somente banco da praça.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Encantamento

Fim de tarde de pôr-do-sol pigmentado de alaranjado com timbres de púrpura.
O mar numa ondulação adormecida.
O "tschh tschh" penetrante das suas ondas leva-me os pensamentos.
Uma brisa insinuante ousa tocar-me com os seus dedos quentes.
Há música de tom teatral na paisagem.
As borboletas irrompem na sua interminável e exuberante dança de purpurinas.
Há suaves batimentos vindos do solo.
Ou talvez vindos de dentro de mim.
Não sei, não sou capaz de distinguir.
Ouço pássaros que avançam.
Escuto-os na ânsia desesperada de uma novidade acalentada.
Melodicamente gritam-me palavras de ordem reveladoras.
Sou invadida.
Surpreendentemente, pego em mim e levanto-me, sem esforço, daquele banco de pedra envolto em flores silvestres.
Obedeço apaixonada às melodias e aos mandamentos que me chegam do ar.
Saio.
E…vou amar.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ah... Dá-me Beijos!


Dá-me beijos.
Dá-me beijos quando a lua nos abraçar.
Ou quando o sol nos sorrir.
Quando voarmos de asas esplendorosamente cálidas, nesse momento, dá-me beijos.
Dá-me beijos por entre as altas árvores da floresta mágica.
Beijos na areia cristalizada daquela praia quase secreta ou na montanha da paz.
Quando partir e voltar, quero que me beijes.
Quero a memória dos beijos que passam, quero vinho a transbordar, quero o mar no leito, quero tudo…
Ah, mas quero beijos, desses beijos, muitos.
Se resolver seguir a estrada fascinante do abismo, e se cair, espero que mesmo assim me beijes.
Dá-me a mão e os teus esperançados braços, naquele abraço profundo.
Naquela rua perdida, na janela companheira da noite, nos excessos e na calmaria, dá-me um beijo.
Cobre-me.
Quando sentires o cheio da terra molhada e rolarmos sob as folhas de seda, num movimento exageradamente longo, de uma dança intimamente sublime e ofegante, dá-me beijos.
Intermináveis. Quentes. Robustos.
Se eu for, se tu não ficares, beijemo-nos para sempre naquela nossa realidade tão imaginária.
Ficará o nosso segredo, eternamente agrilhoado naquele preciso beijo, desse dia nublado.
Se vier a sede de definhar, essa falta, os gritos estridentes e o fim dilacerante… beijos, quero beijos.
Languidez.
Dou-te tudo.
Dá-me amor, corações felizes, natureza selvagem, dá-me tudo.
Ar e todos os elementos possíveis.
Dá-me mais além.
Espero-te no sábio tempo de um regresso orgulhosamente inevitável.
O triunfo.
Dá-me loucura de sensações e sentidos, demência de sentimentos.
Paladares e perfumes aromatizados de encantamento.
O desconhecido e o impossível.
Dá-me mais qualquer coisa.
Ah…
Mas, dá-me beijos.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O vento não se vê,sente-se...

Foste aprendendo, tal como eu, que nem sempre temos connosco as pessoas que amamos.
Um dia poderás não me ter por perto, poderás simplesmente nunca mais me ter.
Todos nós já perdemos alguém, todos acabam sempre por perder alguém.Lembrar-me-ei sempre de ti e sei que tu jamais me esquecerás…
Podes procurar-me sempre no baú e nas maiores loucuras que te vierem à memória… ah, e nas cartas, em todas as cartas enviadas e recebidas, nas que não foram entregues e nas que estão rasgadas.
Tenho a certeza que me vais encontrar no longo eco das gargalhadas profundas do passado, ao longe conseguirás ouvir-me, conseguirás ver o sorriso rasgado nesses momentos.
O passado...ah,o passado,esse misterioso imortal, esse maravilhoso passado que nos torna especiais na sua fascinante condição de não voltar.
Haverá momentos em que me vais tocar, em que te vou tocar, em que me vais sentir e pensar que estou contigo.
Encontra-me naquela árvore, naquela escada em frente ao mar onde entrei na tua vida e te gravaste na minha.
Estarei lá sempre que me quiseres.
Sente-me no vento, tudo o que eu sou está no vento… podes escutar-me a bater à tua janela quando o silêncio te fizer companhia.
Eu sou o vento,sou os nossos sonhos,os teus desejos,as minhas alegrias, ouves-me no vento, tudo o que eu sou voa no vento.
Quando a chuva molhar a terra, quando a terra se fizer lama e o vento se levantar e fizer rodopiar o pó, estarei a dançar para ti… serei sempre o par da tua felicidade.
Virei sempre pela noite, sabes que o sol me caracteriza, mas é a paz da noite que me alimenta, me ama e acompanha… pela noite dar-te-ei aquele abraço intenso e inquebrável.
Inquebrável como o nosso laço… para além da vida e da morte, vou estar contigo.
Estarás sempre comigo, estarás no brilho dos meus olhos, na minha gargalhada, nas minhas mãos, na minha boca.
Poderão todos ver-te em mim… da maneira mais discreta.
Lá fora está sol…consigo ver-te…cheiro-te e retenho-te no vento...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O que ficou não chega...


Quanto de ti ainda me resta?!
Pouco ou quase nada,temo que seja já imperceptível a mim e a qualquer um.
Os meus olhos não procuram os teus, mais afastados não poderiam estar.
Fugiste de ti,de mim…perdeste-te.
Perdeste-te por um não sei quê insosso e tão pouco intenso,um não sei quê que não tem explicação.
O que restou de ti em mim,pouco ou quase nada,desaparece como água em cada sessão de sauna.
O que sobra não chega para me lembrar,o que ficou é tão pouco…porém,por vezes, confundo o que vivemos com felicidade. Vê só felicidade e posso assegurar-te que já senti saudade.
Como naquele dia em que cheguei às tuas palavras e descobri que ainda pensas em mim e sofres com as recordações.
Nesse dia pensei que tinhas voltado,de novo,tinhas voltado.
Sem perceber como, nesse momento fiquei feliz,não sei se por pensar que era o teu regresso ou por constatar que ainda te lembras de mim.
Tive tanto medo que deixasses de pensar em mim,de não te lembrares de nós. Hoje sei que ainda estamos presentes em ti.
Mas, se te lembras, pediste-me tanto que te esquecesse…tanto que acabei por me lembrar dessas tuas palavras.
Hoje não tenho medo de me esquecer de ti.
Se te esqueci não sei,mas já não me lembro!



P.S.ah,e não te odeio,porque fazê-lo seria admitir que ainda me despertas algum sentimento,mesmo que seja ódio!