domingo, 22 de novembro de 2015

Não Sei

"Oh triste, porque choras?"
Perguntas naquele tom de quem tem pena de mim,
Como se eu não tivesse o direito de sofrer assim.
E perguntaste-me que tristeza é esta,
E eu só sei, nas lágrimas mergulhada,
Que, em mim, a dor faz uma festa,
E eu nem sequer fui sua convidada.
Tomara eu ter uma palavra ou um qualquer sonho desfeito,
Para te responder,
E justificar o eterno calvário que tenho feito.
Mas eu não sei, oh céus!
Que se eu soubesse porque choro,
Todos os convidados seriam meus,
Na melhor festa deste corpo onde,
Já não vivo, apenas moro.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

#momento

Ah, se eu pudesse fazer o tempo parar! 
Fazer o tempo ter tempo de apreciar este momento em que nos damos ao tempo para amar!

Sento-me Para Te Escrever

Sento-me para te escrever,
Perdida na chuva que corre.
O whisky bem ali, pronto a beber,
E na mão o cigarro que se acaba.
Sento-me para te escrever,
E não acontece nada.
Porque, como a chuva constante,
Que pelo vidro escorre,
Sento-me para te escrever,
Mas, como nós,
Uma a uma,
Toda a palavra morre.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

S.João (o rescaldo)

O S.João foi tramado
Fiquei de mãos a abanar
Não me ajudou com nada
Até chouriço tive que assar

Oh S.João eu bem me esforcei
Não choveu nada pra este lado
O tal gajo nem vê-lo
E sorrisos só do empregado

S.João não me deste ouvido
Eu estou tão desapontada
Foste ingrato e mau amigo
Tu não és santo nem és nada

Santo sem dó nem piedade
Deves querer que eu emigre
Levei com tanta martelada
Que já só vou lá com Zomig

terça-feira, 23 de junho de 2015

S. João

Diz o povo, é tradição
Sto António casamenteiro
Mas amor do verdadeiro
Digo eu, só no S.João

No arraial de Sto António
Eu só vejo ajuntamento
Conto contigo S.João
Pra ajudares no casamento

Oh meu rico S.João
Arranja aí quem me grame
Prometo-te meu santinho
Que não ponho no instagram

Do Sto António já desisti
Do S.João estou com medo
Se me falhas esta noite
Troco-te pelo S.Pedro

S.João do meu coração
Há anos que te imploro
Ou me ajudas desta vez
Ou levas com o alho-porro

Oh S.João eu nem exijo muito
E peço-te com mil ternuras
Que se me amar de verdade
Até pode ser o gajo das farturas

sábado, 20 de junho de 2015

Porquê?!

Porquê?
Perguntas-me tu,
Como quem finge que não sente.
Olhar de ornato nu,
De quem sabe que mente,
Teimando em ignorar o que deveras vê!
Porquê?!

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Dor

Eu queria escrever mas não consigo.
Porque é maior do que eu,
Esta dor profunda que trago comigo,
Este inferno que é só meu…
Paralisa-me as mãos e os sentidos.
Demência? Pois, talvez!
Mas que se calem os condoídos,
Os que me pedem para sonhar,
Pois toda a vez que oiço:
- Calma, tudo vai passar!
Com clemência,
É quando sinto já ter morrido!

terça-feira, 28 de abril de 2015

Dez Minutos

De dez em dez minutos,
Há só um silêncio onde a tua voz se cala.
E, a cada minuto, aumenta a distância
Onde se perde a graça.
Porque de dez em dez minutos,
É, decerto, outra a voz que te fala,
E nesse compasso desisto e calo a ânsia.
Assim, de dez em dez minutos,
Percebo que,
Antes de tropeçar em ti,
Naquela esquina fria e gasta,
Melhor seria que tivesse caído em desgraça.
Porque a paixão é febre cega,

A rameira de veludo, da mentira, a entusiasta.

sábado, 18 de abril de 2015

Carta ao amigo (que nunca foi)

Felizes os que não mentem, nem a si nem a ninguém.
Felizes os que não vivem de desculpas nem de calculismos fracos.
Felizes os que não têm que lidar com plátanos.
Felizes os que, por sua vontade, arranjam tempo para regar as suas plantas.
Felizes os que não passam por cima de amizades para satisfazer caprichos infantis.
Felizes os que não vivem de exibicionismo e desfiles de vaidade.
Felizes os que não tomam acções para ficar bem na fotografia ou marcar pontos.
Felizes os que não confundem ilusão com paixão e, sobretudo, os que não iludem ninguém.
Felizes os que têm a nobreza de preferir a franqueza à cordialidade hipócrita.
Felizes os que não se enredam no seu umbigo e no seu mundinho banal.
Felizes os que não ficam pela superficialidade e permanecem.
Felizes os que se distinguem por não descartarem as pessoas.
Felizes os que não esquecem e sabem manter a palavra e a verticalidade.
Felizes os que não se escudam em silêncios e distâncias cobardes.
Felizes os que sabem ser homens, os que se assumem e se confrontam.
Felizes os que não fogem nem se melindram com as verdades.
Felizes os que não acumulam fracassos emocionais com a sede de conquista barata.
Felizes os que sabem esperar e não preferem o atalho fácil.
Felizes os que acrescentam e nos tornam gratos pela vida.
Felizes os que conhecem o significado da verdade e a sentem na plenitude das emoções.
E por tudo isto, desejo-te as felicidades que mereces… e dessas, desejo-te as maiores!

domingo, 22 de março de 2015

30 Anos

No dia 21 de Março de 1985, num quarto da Ordem do Terço, no coração do Porto, vim ao mundo. Quando todos esperavam o João, a médica foi ao quarto e disse ao Pai: “Parabéns, é mais uma menina!”.
Sim, mais uma, nasci com estatuto de irmã mais nova (e valho-me dele para tudo quanto seja compatível) e de neta mais nova dos dois ramos familiares (um estatuto do qual sempre gostei, embora ultimamente, com os primos todos “arrumados” já só sirva para ouvir “Faltas tu!” ou “Já tens idade para…”).
Depois de algumas tentativas de suborno para que me dessem o nome de Maria Rosa e Ana Maria, e tendo em conta que a Mãe definiu antecipadamente que a nascer uma fêmea teria que ter como segundo nome Conceição (podia lhe ter dado para pior - mães deste mundo façam promessas que vocês cumpram, não as vossas crias) e este não ligava bem com Catarina nem com Margarida, a Avó sugeriu Raquel – eternamente grata pois que gosto muito e assenta-me que nem uma luva.
Fui uma criança maria-rapaz (aos 4 anos pedi para cortar o cabelo “como os meninos” e cortei), respondona (o pobre podia ir sem esmola mas nunca sem resposta), avessa a ordens (apanhei algumas sapatadas, bem merecidas). Dei trabalho aos pais (em boa verdade, continuo a dar).
O dia em que nasci, o primeiro dia da Primavera e o Dia Mundial da Poesia, só isso já diz metade do que sou.
Trinta anos depois…
Continuo uma miúda de olhos de azeitona preta curiosos, de gargalhadas profundas, de cabelo desgrenhado e estilo esquisito. Um tanto “cara de má” para quem não conheço (por timidez, não por antipatia) e, confesso, continuo a levantar o sobrolho. Dizem (e eu concordo) que tenho o pavio muito curto, um coração que fala pela boca e uma razão que, na fila, se põe sempre atrás da acção (tenho o doutoramento em acção por impulso). Uma miúda de sorriso e conversa fáceis (continuo a falar com estranhos com a maior naturalidade deste mundo).
Continuo uma pateta alegre como sempre me chamaram e “a ciganita” a par de tantos outros nomes carinhosos de que gosto muito - Quelinha, Piriquita, Garota, Raquelita, Raki, Mosquito.
Da mãe herdei o génio impulsivo, o lado lamechas, a generosidade e a alegria. Do pai herdei a curiosidade, a música, o lado “engenhocas” e as parecenças físicas (ah, e segundo a mãe, uma certa preguiça desorganizada, mas desvalorizo porque todos sabemos que as mulheres têm esta tendência de acusar os homens da desorganização e, claro, no que é “mau” sai sempre ao pai). De ambos veio a criatividade, um certo altruísmo fora de moda, a educação e tanto e tanto…
Dos avós, guardo os melhores exemplos (e tenho tantos) e os valores que sigo e pelos quais me bato, as histórias que nunca me cansei de ouvir e que, hoje, dou por mim a contar. Talvez tenha herdado esse lado de contadora de histórias e o gosto pelo convívio com os mais velhos. Foi, sem dúvida, deles que herdei a fé.
Ainda hoje não sei de quem herdei os caracóis, mas possibilidades não faltam nos dois ramos.
Na família que amo tenho o meu pilar, o meu abrigo e a minha história. E dou muito valor a isso.
Desde miúda, e isso não mudou de forma alguma, continuo obcecada com a língua portuguesa escrita e falada. E desde essa altura que oiço constantemente “devias parar de corrigir as pessoas, principalmente à frente de outras pessoas”, a segunda parte tenho evitado!
O espírito crítico e a exigência (e é espantoso porque até sou trapalhona) também me perseguem desde pequenina. Isso e a agressividade nas palavras, inconsciente mas que reconheço.
Sou a pontualidade em pessoa, é tão raro atrasar-me, mas mesmo tão raro. E é giro porque, por outro lado, sou a “sem horas”, mudo e marco compromissos em cima da hora e nunca rejeito um convite (a não ser que não possa).
Sou exagerada, dramática e insegura nalgumas coisas. Às vezes, acho que é o fim e deprimo-me com facilidade, mas salva-me o amor, o que sinto e o que me têm.
Dizem que tenho memória de elefante e compreendo. Embora possa afirmar com sinceridade que: Poderei não me lembrar de todos os nomes dos teus amigos e talvez não faça esforço por isso. Poderei não me lembrar do que comi ontem. Mas lembrar-me-ei para sempre, de todos os olhares, de pormenores de que tu nem te lembras. Lembrar-me-ei sempre das datas (dos dias e às vezes das horas) e de todas as conversas. Sim, tenho conversas guardadas na cabeça desde “o arroz de 15”.
E por falar em “arroz de 15”, gosto de expressões populares e tenho as minhas expressões características que arrancam gargalhadas aos meus amigos.
E por falar em amigos, sinto-me abençoada pelos que tenho e que amo incondicionalmente. Tenho os melhores amigos do mundo e que me revelam o seu amor, tantas vezes, em pequenos gestos que jamais esqueço. Pelo caminho perdi alguns mas é inevitável… Aprendo muito com os meus amigos e é deles que oiço os maiores elogios e as maiores críticas.
São a força que me eleva quando penso que o mundo é demasiado agressivo para mim e que me vai engolir.
Dos amigos e da família exijo muito, talvez porque lhes dou tudo de mim. Zango-me algumas vezes com eles, mas tenho para mim que só as pessoas que não se conhecem nem se amam, não se zangam umas com as outras.
Gosto de viajar, de escrever, de música, de dançar, de beber whisky e vinho tinto, de comer, de cozinhar, de saber, de criar, de conversar, de mergulhar no mar, de casas cheias, de abraços, de beijos, de declarações de amor, de cartas, de conhecer, de moda… Como chocolate quase todos os dias. E tenho saudades de pessoas, de lugares, de momentos… Saudades, tenho muitas, diariamente. Não gosto de dormir porque me parece sempre um desperdício de tempo, porque tenho uma sede infinita de viver. Adoro flores do campo e perfume (cá em casa dizem que bebo perfume). Gosto de romarias e pimbalhadas.
Tenho medo da morte e penso muito nela, penso cada vez mais e dói-me pensar no fim, na perda…
Por falar nisso, já agora acrescento que daria a minha vida pela minha irmã. E choro quando penso no amor que lhe tenho. Esteve sempre comigo, antes de ter consciência de mim, já tinha consciência da presença dela, é uma espécie de órgão vital do meu corpo. Mas já andámos à chapada muitas vezes!
Hoje já não faço fretes. Hoje viro costas ao que não me faz bem (embora possa demorar a perceber que não me faz bem). Hoje peço desculpa mais facilmente. Hoje perdoo o imperdoável mas não volto. Hoje digo mais vezes não (e ainda assim digo poucas). Hoje sou mais flexível (e esforço-me por ser sempre mais). Hoje sou mais consciente. Hoje sou menos fútil. Hoje (talvez não seja de hoje) estou a marimbar-me para o politicamente correcto, mesmo! Hoje digo que vou tentar e não que não sou capaz.
O telefone continua a ser um bicho para mim, deixo-o tocar até que do outro lado a pessoa desista. Detesto falar ao telefone, é uma fobia. Também tenho fobia a ambientes confusos, quentes, cheios, desconfortáveis e… sinto-me mal e caio para o lado. Detesto trânsito e correrias (há 2 meses, perdi a paciência, saí do carro e fui a pé pelo meio dos carros).
Gosto de observar as pessoas e perco tempo a “estudar” as relações humanas. Talvez seja por isso que consigo dar respostas e conselhos, tantas vezes, tão certeiros. Aliado a isso, uma enorme intuição.
Também faço análises constantes a mim e ao meu percurso e, apesar de nem sempre o expressar, reconheço em mim alguns dos defeitos que me apontam (tento melhorar sempre).
E pronto, sou mais ou menos esta Raquel de 30 anos     

P.S. Continuo a saber de cor textos que li na escola primária e músicas dos Onda-Choc e dos Mini Stars.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

A Sónia e a Amiga - O Rescaldo

Na Segunda-feira encontrei as nossas queridas no café.
Chegaram depois de mim. A Sónia vinha com um ar abatido pelo que presumi que talvez o Carnaval tivesse chegado mais cedo para ela, talvez no dia 14.
Vinha discreta no seu estilo "Miss Rinchoa 2015", de salientar apenas as suas botas arranha-céus cor-de-rosa claro com solas brancas tipo pneu de trator.
Pelo que percebi, afinal, a Nicole não a acompanhou à festa do semáforo no Dia dos Namorados porque foi de fim-de-semana romântico para o Gerês – minha amiga, quando se trata desses programas, não há festa que demova as amigas, nem por solidariedade. A Sónia foi à festa com um casal amigo.
- Conta-me tudo amiga, o Nelso estava lá? – NELSO???? Deus do Céu Nicole, Nelson, diz-se Nelson! Finalmente descobrimos a identidade do "Zé Manel", yupiii!
- Estava, quando lá cheguei estava ao pé do bar a beber uma daquelas bebidas que vêm naqueles copos bué grandes tipo aquário com um “Nemo” a boiar e, claro, a engatar uma gaja qualquer gorda e feia. Fiquei na minha, ignorei-o.
Vamos por partes Sónia… Primeiro, essa bebida servida em aquários chama-se Gin, sabias querida? Segundo, tenta não faltar à caridade com esses comentários azedos sobre a miúda, tudo bem que ela pode não ter o teu estilo Sónia, mas não sejas má que te fica mal.
A Sónia prosseguiu:
- Passado para aí uma ou duas horas, estava eu a dançar a música do Jajão, quando ele me toca no braço e diz “Então jóia, estás muito gira hoje. Como tens andado?”. Pah, não lhe respondi, fiz de conta que não estava ali ninguém, ignorei-o mesmo. E ele agarrou-me no braço e perguntou “Ui, não falas comigo?”. – De facto Sónia, se ele te chama jóia, o melhor é ignorares, cheira-me que ele não tem quilates para te acompanhar. Quanto ao elogio, e não querendo menosprezar o teu estilo, cá para mim ele perdeu-se no teu vestido vertiginoso, afinal disseste que "ias com tudo".
- E tu? Mandaste-lhe um soco na tromba? – perguntou a nossa, sempre sensata, Nicole.
- Achas?! Não! Só lhe disse “Oh filho, tira bilhete que já vens tarde e a bicha é grande. E já agora, desampara-me a loja!” e fui para outro lado. – Auch! Muito bom Sónia, essa é digna de registar no livro “as melhores respostas de sempre para afastar melgas”. Coitado, Sónia essa deve ter doído! Ah, mas na próxima diz fila em vez de bicha, só para que não haja más interpretações.
- Txei, és a maior mana, és grande! – disse a Nicole em tom de orgulho.
- Depois nunca mais o vi, não sei se ele foi embora. Também, entretanto, conheci um gajo e estive a conversar com ele durante algum tempo, chama-se Daniel e é de Felgueiras. Viu que o meu sinal era verde e meteu conversa, o dele era amarelo. Trocámos número e temos falado por mensagem. – Sónia, Sónia, amarelo é para ter cuidado. Vai com calma e abre a pestana!
- Muito me contas. Mas então o outro boi não disse mais nada? – Nicole, controla a língua que não te fica bem dizeres essas coisas sobre o grande amor da tua amiga.
- Nem me digas nada… Estava a ir para casa e ele ligou-me, mas eu não atendi. E depois mandou-me uma mensagem a perguntar se não queria estar com ele e eu também não respondi. E o otário a seguir manda mensagem a dizer “Então, não me digas que o Benfica joga em casa, é?” – UH??? Hey, oh Sónia, larga-me esse gajo! A sério, gajos que falam da tua condição de mulher como se de futebol se tratasse merecem cartão vermelho, ficar no banco, merecem um grande chuto. Por favor, diz-me que o ignoraste!
- E tu mana, respondeste à altura? – perguntou a Nicole com uma ansiedade maior do que a minha.
- Peguei no telefone e liguei-lhe. Quando ele atendeu só lhe disse “Não, o Benfica não joga em casa. Neste campo só entram dragões, super dragões e tu não passas de um ratinho nojento e minúsculo, vê se cresces e deixa-me em paz! Vai à tua vidinha!”. E desliguei o telefone. – Boa Sónia, fenomenal. Até devias ter recomendado uns “danoninhos” a ver se cresce, tipo “falta-te um bocadinho para jogares nesta liga”.
 - Hey, que grande telenovela amiga! E o tal Daniel?
- Pois é para tu veres a minha sorte. O Dani diz coisas queridas, temos falado. Mas hoje de manhã não percebi muito bem a mensagem dele, disse “És uma querida, mereces um homem que te respeite e te dê valor. Mas tenho medo de não corresponder às tuas expectativas…”. – Dani?! Isso já vai assim?! Sónia, ouve o que eu te digo com a máxima atenção… Se ele falou de expectativas, parte imediatamente para outra, apaga o número, risca da lista, faz o que quiseres mas, acaba já com isso! A sério, acredita em mim Soninha, essa conversa das expectativas é o mesmo que dizer: “ah e tal, talvez eu não seja o que tu procuras” ou “talvez não estejamos na mesma frequência” ou “não te quero magoar” ou “não sei se te posso dar o que precisas”… E tantas outras frases fantásticas que significam que ele não quer nada contigo a não ser, talvez, uns “jogos de futebol” se é que me entendes! Ele já te está a pedir desculpa antecipadamente para quando te der um chuto daqui a uns tempos. Percebes Soninha? E no fim ainda te vai dizer “mas eu disse-te que talvez quiséssemos coisas diferentes” ou “pensei que estávamos na mesma sintonia” ou “o problema não és tu, sou eu” ou “mereces melhor do que eu”. Olha o que eu te digo, não te metas nesse filme e, lembra-te, o semáforo dele era amarelo. Amarelo! Além disso, não sei se sabes mas houve quem começasse a festejar o Carnaval no fim-de-semana, vê lá se ele não está fantasiado de “O Gajo Mais Querido do Mundo” ou “O Sapo Disfarçado”.
Run Sónia, run!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A Sónia e a Amiga IV

Hoje quando entrei no café lá estavam elas. Pela primeira vez, chegaram antes de mim e nem gosto de pensar no que terei perdido.
A Sónia deixou as bolas de berlim e passou para as natas (duas que o caso não é para menos). O estilo dela estava uma escandaleira. Alguém lhe deve ter dito “desabafa, deita cá pra fora” e a pobre deitou mesmo tudo cá para fora. Veio tudo ao de cima, uma “caixa de ar” capaz de fornecer oxigénio a todas as expedições de mergulho até 2020. – Oh Sónia se o Sr. Alfredo do talho te põe a vista em cima diz logo “Ah boa peitaça, vê-se logo que não é de aviário, carne de 1ª!”. Para além disso, de salientar umas argolas prateadas tão grandes, mas tão grandes que a Ana Malhoa sentir-se-ia uma menina ao pé da Soninha. E enquanto pensava “tem cuidado Sónia, fala pouco com as mãos, que ainda se te engata uma pulseira na argola e lá se vai argola, pulseira, orelha e tudo”, ela disse:
- Vi no “face” que ele adicionou uma gaja, tentei ver o perfil dela mas é privado. Podias adicioná-la para cuscarmos, ver se há alguma foto ou assim. Também vi que ele vai a uma festa no Sábado e eu, claro, vou também. – Estão a perceber de onde surgem aqueles pedidos de amizade de pessoas que não conhecemos de lado nenhum?! Sónia, não andarás tu a levar a linguagem do facebook e do instagram demasiado a sério? É que seguir não é perseguir, e nem é seguir a sério, sabias? Vai lá com calma miúda!
A Nicole, sensata que só ela, disse que nem pensar e sugeriu “Porque não crias um perfil falso, é mais fácil?! Eu tinha dois, mas já não me lembro da “pass”, que pena!”. – UH? Será que eu ouvi bem? Oh my goshhh… “It's the end of the world as we know it” and I don’t feel fine!
A Sónia achou que aquilo dava muito trabalho e declinou a ideia e retomou ao assunto da festa do Dia dos Namorados:
- Sabes como se chama a festa de Sábado? Festa do semáforo, as pessoas à entrada recebem uma cor… vermelho para comprometidos, verde para solteiros e amarelo para os assim-assim. Vai ser demais! Podias vir comigo! – Uiiii… E intermitente, não há? Tu devias ser um semáforo intermitente, Sónia. Passa toda a gente mas com cautela, com atenção às prioridades, percebes?! Bem, em todo o caso terás mais sorte com isso dos semáforos porque se fosse algum jogo do Stop, cheira-me que não te safavas!
A Nicole empolgou-se toda e disse que ia:
- Tou dentro! E roupa mana?
- Sei lá… Eu já escolhi o meu modelito, vou com alto vestido. – os olhos da Sónia até brilharam!
Sónia, muita calma nesta hora. Quase que adivinho que vais com um vestido ao estilo “deita cá pra fora”, não é? Eu acho que nem precisas dessa coisa do semáforo, vais parar o trânsito, oh Sónia! A Sónia, a “via rápida” do S. Valentim. Mas olha, deixa as purpurinas em casa desta vez, é que o Carnaval é só na Terça-feira e, já agora, leva na mente “passagem de nível” e não vendas o teu peixe todo, sim Soninha? Conselho de amiga!
Sónia, nem sei se tens carta ou não (talvez não seja boa ideia alinhares nestas festas sem estares devidamente habilitada), mas de qualquer forma desejo-te o melhor do mundo com um gin a acompanhar.
Se conduzires não bebas e, já sabes, atenção às prioridades e aos limites de velocidade. Não dês 120km/h dentro das localidades, estamos entendidas? Cuidado com os estacionamentos, ultrapassagens e manobras perigosas, se é que me entendes!
Go Sónia, a noite é tua!
Go Sónia, prego a fundo, estamos contigo neste dia!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Saudades Nenhumas

Saudades tuas?
Do tempo sem tempo,
Na melodia de notas soltas.
Saudades tuas?
Das promessas na mentira envoltas.
Meu amigo, eu bem tento,
Mas saudades tuas?
Sinceramente,
Não tenho nenhumas!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Encontrei a Sónia na baixa

Sexta-feira passada, depois de um belo jantar, estava num bar na baixa do Porto.
Verdade seja dita que nunca me passou pela cabeça encontrar a Sónia, não na baixa porque isso já há muito que esperava, mas naquele bar. Naquele bar nunca, sempre achei que não era o estilo dela.
Ao contrário da maior parte das vezes, estava de costas para a entrada, pelo que não pude usufruir da alegria de a ver entrar.
Estava de copo na mão a meio de uma bela conversa quando ouvi atrás de mim “Néstes, néstes, eu hoje tou com tudo” (presumo que néstes seja a forma mais efusiva da Sónia dizer não) – naquele momento só pensava naquela música “tu és pe pe pe pereré, és perigosa”, Sérgio Rossi, oiçam que percebem logo. Aquela voz soou tão familiar que eu nem queria acreditar no que me estava a acontecer, aliás, cheguei mesmo a ponderar se já teria bebido de mais.
Olho para trás, disfarçadamente por cima do ombro e… lá estava ela acompanhada de três elementos do sexo masculino, mas dada a forma como interagiam, nenhum deles me pareceu o tão famoso “Zé Manel”, penso que devia ser apenas um grupo de “manos” da nossa querida.
A Sónia estava discreta que só ela e, na primeira análise, até achei estranho. Jeans pretos com umas letras no bolso de trás, casaco de pêlo acrílico preto completamente apertado, uma bolsa de corrente metálica, batom vermelho não muito carregado, cabelo (em tom louro escuro, com raiz em tom preto, como já sabem) completamente esticado. Confesso, que este estilo até lhe conferia um ar mais crescido. E pensam vocês – caramba, assim tão normal? Desenganem-se! Até aqui tudo certo, mas eis que olho para os pés e todo o meu mundo parou (quer dizer, não sei se foi o mundo ou se terá sido mesmo o meu cérebro). Os sapatos da Sónia! Deus do Céu, os sapatos da Sónia, qual cinderela, qual quê, muito para lá do sapato de cristal (é hoje que a Soninha perde um sapato e encontra o príncipe). Realmente ela estava com tudo! Os sapatos da Sónia eram pretos, saltos altos bem finos, a parte dos calcanhares em verniz e a parte da frente que deixava ver o seu dedo grande do pé... txaran… purpurinas metalizadas. Sim, leram muito bem, completamente cobertos de purpurinas metalizadas, tão brilhantes que no início fiquei na dúvida se não se trataria de um qualquer efeito da bola de espelhos pendurada no tecto. Não, para mal dos meus olhos que quase cegaram com tanto brilho, era mesmo verdade!
Os amigos da Sónia eram morenos, todos com uma altura a rondar um 1,75m, apenas um era aloirado e estavam os três vestidos de escuro, de salientar apenas os seus penteados. Na Sexta, o gel foi o rei. Os cabelos dos “manos” eram autênticas esculturas de gel, dignas dos melhores museus de arte europeus e tão elevados que os faziam chegar aos 1,80 e tal. Sim, é mesmo verdade, as esculturas capilares tinham à vontadinha 10cm.
Mas, infelizmente, o nosso convívio nocturno durou pouco tempo. Depressa eles se cansaram de ali estar, segundo a Sónia “a música está uma merd@, ainda se desse a Bailando…”. E puseram-se em marcha de saída. Ao passarem por mim, tive a certeza que a Sónia me viu e fiquei muito triste porque nem um sorriso nem um olá. Bolas, no café ela não é assim comigo! Acho que deve ter sido aquela mania feminina de ver as outras fêmeas como concorrência, o inimigo a quem não se deve dar confiança e se possível ignorar, não vá algum dos amigos pedir para ser apresentado. Ou então terá pensado do alto das suas purpurinas de salto “toma, estou com três e tu… coitadinha”. Sónia saiu do bar.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

(R)evelação

E numa noite se arruinam 20 anos!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Ele

Hoje, quando acordei, ele disse:
- Escreve-me um poema, Raquel!
E eu fiquei parada,
Assim, como um rio que adormece,
Uma água estagnada.
Pois, tão cega, já não sabia,
Se poesia era ele quem me falava,
Os olhos e os gestos,
Ah, e tudo o que ele fazia!
Ou se era, afinal, em cada palavra, 
O poema mais profundo,
Que eu lhe escrevia.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A Sónia e a Amiga III

Fui ao afamado café, mas desta vez de olhos postos na porta para ver a chegada triunfal da nossa Soninha.
Estava vidrada no arco-íris gigante que estava no céu. E, por momentos, pensei que o arco-íris tinha abandonado o seu posto e estava a entrar café adentro. Mas não, não era ele, era ela, a Sónia. Camisola amarela, anoraque lilás, umas jeans com manchas brancas, ténis tipo bota em azulão. Lá vinha ela com a amiga, de telemóvel em riste, qual arma de fogo, qual quê (o telemóvel da Sónia tem brilhantes e coisas penduradas, uau!), com uns óculos pretos muito ao estilo Miss Rinchoa 2015. Vinha muito tapada desta vez (nem piercing, nem tatuagem, nem nada) pelo que presumi que as coisas, talvez, se tivessem encaminhado com o dito cujo, de maneira que ela já não andava naquela exibição de pele do costume.
Ainda não se tinham sentado e já ouvia a Nicole: “Oh pah, se continuas a faltar assim ao curso, o Prof. não te vai passar.”. A Sónia muito convicta respondeu: “Oh, achas?! Hoje era sobre internet e eu já domino aquilo, já tenho facebook há para aí uns 3 anos…”. – Uau Sónia, já tens facebook há 3 anos, pelo que já dominas a internet. Uau!!! Sónia, pois está claro que não precisas de saber mais nada. O que interessa é saberes fazer like e umas partilhas de frases em português do brasil, daquelas mesmo profundas. Ah, e deixa-me adivinhar, controlares essa coisa dos registos de leitura das mensagens, não é? Cheira-me que isso é coisa para saberes de trás para a frente.
Ela continuou: “Mas olha que o meu Prof. é todo bom e já o apanhei a deitar o olho aqui às margaridas, ele não me marca falta, sabe que ando com problemas.” – Não me digas que os problemas são o Zé Manel?! - A Nicole contrapôs: “Sim sim, fia-te na virgem e não corras. Não percebo, até te pagam e tu faltas ao curso, és a maior.”.
A Sónia marimbou-se para aquela conversa da treta e mergulhou nos seus problemas, aqueles que a têm vindo a atormentar (a ela e a mim, que nem tenho dormido a pensar nesta história).
- O fofo mandou-me uma mensagem ontem, a sério, super querido! Mas nem percebi o que ele quis dizer, vou ler para ver se tu entendes, é que eu já desisti: “Olá! Pequenina, desculpa não ter respondido antes mas tenho andado cheio de trabalho. Andei pela baixa a ver se te via no Sábado… Quanto à tua mensagem, infelizmente não tive saudades tuas, mas senti muito a tua falta!!!! Beijo”. Ah, e na última frase, quando disse que sentiu muito a minha falta meteu quatro pontos de exclamação, é assim que se diz, não é? Aqueles que são um “i” ao contrário, com a pintinha em baixo.
Diz a Nicole, batendo na testa: “Ya, sim são pontos de exclamação, oh tança! Não sabes isso? Dá-se na 1ª classe!”. Depois, franzindo o sobrolho e contorcendo os lábios, numa expressão de quem se perdeu na frequência continuou: “Olha se queres que te diga, não percebi o que ele disse. É que tipo, sentir falta e sentir saudades não é a mesma coisa? Eu acho que é! Esse gajo é bué estranho, dasss!” – E este “dass” que me causou tanta urticária que me ia engasgando com o café.
Sónia, minha querida, tu é que me saíste um “i” ao contrário. A ver se nos entendemos, ele não meteu nada Sónia (eu sei que talvez gostasses que ele metesse qualquer coisa), mas ele não “meteu” ponto nenhum, ele escreveu. Meter, como já deves ter experimentado, é a 3 dimensões. Percebeste?! Quanto ao conteúdo… Essa da baixa é de mestre, então não é que ele, coitado, de tão ocupado que anda nem tempo tem para te responder. Mas quando tem tempo (lembra-se logo de ti), não te responde, vai só ali à baixa ver se te vê! Querido que só ele, imaginou surpreender-te, aparecer de repente e dar-te um abraço em plena baixa – que romântico! E abrires a pestana, Sónia? Sabes Soninha, ter saudades e sentir falta não é exactamente a mesma coisa. A ver se te explico… Ele sentiu a tua falta, estás a ver aquela cena do Harry Potter da semana passada? Pronto, o pobre sentiu a tua falta (Yeahhhh, desempenhaste bem o papel, qualquer aprendiz de feitiçaria é um menino ao pé de ti que tu dominas bem a varinha mágica, e não é aquela que passa os legumes da sopinha)! Mas não teve saudades, a saudade é mais profunda, Sónia. Na saudade há um vazio, uma ausência definitiva ou longa, uma nostalgia que nos reporta a cenas passadas (quer dizer, a falta que ele sentiu também o deve ter reportado a cenas passadas, aposto as minhas mãos em como lhe passou pela mente, assim em loop, a vossa sessão de cinema), há até uma certa tristeza. E verdade seja dita, ele não tem tempo para ter saudade, pois que lhe entopes o telemóvel de mensagens. Vou explicar-te melhor… Estás a ver quando sais do ginásio a pingar, começas a sentir falta de um banho, mas não tens propriamente saudades de tomar banho. Do you know what I mean?!
Naquele momento, estava tão absorvida pela cena que penso que devia estar a olhar fixamente para as nossas ilustres amigas. Isto porque, nesse momento a Sónia olhou na minha direcção, encolheu os ombros e disse “Os gajos são uns bichos estranhos, não são?”. Olhei para trás só para ver se ela não estaria a falar com outra pessoa, estão a ver a cena? Mas não, era mesmo comigo… Oh My God, a Sónia falou comigo… Oh My God, e agora? Respondo? Devia ter ouvido mais os conselhos da minha mãe – “Não se deve ouvir as conversas dos outros! Não se deve olhar fixamente para as outras pessoas…!”. E neste momento, sorri para a Sónia como que assentindo (sim, minha amiga, é melhor que arranjes um cão, dizem que são menos complicados e ainda te lambem as lágrimas) e abandonei o café. Não sei se por vergonha de ter sido apanhada a ouvir a conversa alheia ou se por medo de que a Sónia me veja como uma possível amiga ou conselheira… a ver vamos!
Sónia, nada contra ti, tudo a favor!
Continuo contigo nesta luta!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O Abismo de Ti

De todas as viagens que fiz,
Em que fui, por entre todas,
A mulher mais triste e mais infeliz,
A tua amiga mais desgraçada.
De todas as viagens que fiz,
Tão perdida, meu amor,
Sempre tão abandonada.
É a minha boca que em versos diz,
Ah, foi essa a melhor!
De todas as viagens que fiz,
Oh meu amor! Apesar da dor,
Aquela que recordarei até à morte,
Quando de mim me esqueci,
E me deixei levar à sorte,
Pelo mistério do teu corpo,
O eterno abismo que subi.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A Sónia e a Amiga II

Estava eu sossegada a tomar o meu café e a ler o jornal quando, de repente, a porta abre-se e… Ei-la, sim, a Sónia!
Desta vez não vinha com roupa de ginástica, mas vinha com um decote até ao infinito e, basicamente no 4º andar de uns saltos tipo arranha-céus.
Eu, claro está, rejubilei de alegria por ver tão ilustre figura que se sentou, mais uma vez, na mesa ao lado com a sua amiga, também ilustre, Nicole.
A Sónia “botou faladura” ou, por outras palavras, começou a abrir o livro: “Estive com ele no Domingo!” – Naquele momento, apeteceu-me largar o jornal, agarrar-me ao pescoço dela e dizer: Vá lá, conta, conta tudo!
A Nicole fez ar de espanto, arqueando a sobrancelha, e soltou um “Uiiiii, muito me contas…”. A Sónia passou a explicar que, pronto, ele convidou-a para ir lá a casa ver um filme. – Um filme, Sónia? A sério? Hum…
Mas quando lá chegou percebeu que, afinal, ele não tinha filme nenhum a não ser o Harry Potter versão portuguesa, do irmão mais novo e, portanto, quando deu por ela já estava era noutro filme. – A sério Sónia, a sério que ainda não sabias essa do filme? Por favor, toda a gente sabe essa, miúda!
Eu, apesar de tudo, fiquei feliz pela Sónia. Só que, na verdade, a Sónia não estava feliz… Não é que o gajo não cumpriu o requisito mínimo de enviar uma mensagem quando ela chegou a casa, nem na manhã seguinte. – Shame on you, oh Zé Manel! Como pudeste falhar essa? És tu com esta e a Sónia com a do filme. Definitivamente, vocês falharam aquelas aulas importantes de “Como manter uma telenovela com mais de 8 episódios”. Zé Manel, aquela mensagenzinha fica sempre bem, percebes?!
E, perguntam vocês, o que fez a nossa Soninha, o que fez?
“Olha passei-me, comecei a passar-me… quando dei fé, já tinha enviado aí umas 10 mensagens.” – Ohhhh Sónia, DEZ? Assim seguidas? Deus do Céu, isso foi um bombardeamento. Não tarda, és detida por suspeitas de terrorismo, Sónia! Sónia, a Kalashnikov das mensagens! Estou a ver que tenho que te dar umas lições de Acção Comportamental por Impulso.
Nicole: “Heisshhhh… E então?”. A Sónia respondeu que “Então nada, continua sem dizer nada, o cabrão!”. – Pois que já cá tardava o nome carinhoso, não é Sónia?
E nisto parou o cérebro à Nicole que se sai com esta brilhante conclusão: “Hey miga, agora só podes fazer uma cena…” - eu crente que sou, primeiro pensei que ela fosse dizer que o melhor seria que ela se calasse para sempre e ficasse sossegada no canto dela ou que partisse para outra, que é, de resto, o que as amigas mais aconselham- “Diz-lhe que estás com um atraso a ver se ele responde.”. – Oh pah, oh Nicole! Por favor, que a Sónia tem um atraso já sabemos, mas isso não é coisa de agora, e o “Zé Manel” já deve saber disso, sua tolinha! Olha e cheira-me que o teu atraso é maior do que o dela!
A Sónia disse que não, que a Nicole tinha perdido o juízo de vez. Eu concordo Sónia, não assustes a presa. E o melhor é que te acalmes com essa coisa das mensagens…. Olha o Dia dos Namorados, sê esperta Sónia, sê esperta!
Go Sónia, go!
Female bonding!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A Sónia e a Amiga


É do conhecimento geral que, às vezes, oiço as conversas da mesa do lado – Shame on me! Confesso que é mais forte do que eu e, como geralmente são autênticas pérolas, fico ali a ouvir como quem não quer a coisa.
Pois bem, desta vez foi a Sónia. E para vos aproximar do cenário vou, resumidamente, descrever a Sónia. A Sónia, miúda na casa dos 20 anos, de estatura média, jeitosa, vestia umas calças de corrida roxas com listas amarelas e um casaco a combinar. As calças de cintura descaída deixavam aparecer um piercing no umbigo com um brilhante e um pendente em forma de cruz e o top que vestia por baixo do casaco era curto e decotado, deixando ver uma tatuagem no peito com umas iniciais. O cabelo em tom louro escuro com raízes em tom preto, formava umas ondas que lhe batiam quase pelos glúteos, ao estilo sereia Ariel e os óculos de armação preta na cabeça a servir de bandolete (que isto de se ter miopia cerebral tem muito o que se lhe diga).
E lá estava a Sónia desolada a afogar as mágoas na meia de leite que acompanhava com uma bola de berlim, enquanto dizia à amiga: “Achas normal, 5 meses e acaba comigo um mês antes do Dia dos Namorados?!? O Boi!”. (Foi aqui que se me ligaram as antenas e o meu sistema desatou em “pi pi pi… perigo…perigo”. E lá estava ele de novo, o famoso Dia dos Namorados, esse bicho papão que acaba com tantas vidas.) Eh pah, realmente Sónia, isto não se faz. Ninguém acaba com outra pessoa um mês antes do Dia dos Namorados. Isso é só mesmo coisa para o Cristiano Ronaldo, não é? Esse insensível… Não se faz mesmo!
A amiga da Sónia corroborou a ideia: “Meeesmo! Ganda boi! Mas eu avisei-te… Eu disse-te que ele não era de fiar… Puseste-te aí cheia de ideias… Pimba! Agora olha, guardas os planos para outro Zé Manel que este já era!”. – Não sei se sabem mas as amigas têm muito isto, esta coisa do eu avisei-te. Mas, em relação à querida amiga da Sónia… ela é especial, caramba! Ora oiçam o que veio a seguir… “Oh mana, mas sabes, ele não era homem para ti, a sério! Sempre te disse que não era normal ele demorar horas a responder-te às mensagens e não atender as tuas chamadas à hora de almoço…”- Concordo, realmente Sónia devias ter acabado com ele quando isto se tornou assim. Era de desconfiar, pois claro, que o homem não pode fazer mais nada se não responder aos teus chamados (que deviam ser muitos), não é? E se não respondia (e nem houve nenhuma catástrofe natural para esses lados) é porque se estava a marimbar, não é?
E pronto, a amiga da Sónia lá continuou a tecer as suas teorias mirabolantes acerca das relações em geral e daquela em particular e a rasgar os maiores “elogios” (para lá de boi, muito para lá, que isto não é para menos) ao rapaz que largou a amiga, pasmem, em vésperas de S.Valentim – Ninguém merece!
Eu estive para intervir mas tive medo de que a Sónia me desferisse um “O que é que tu queres sua cabra insensível?!” e, por isso, mantive o silêncio enquanto pensava que isto não se faz a ninguém. Que ele até podia acabar com ela mas assim a um mês do dia sagrado, não, isso não! Pelo menos esperasse mais um mês, no mínimo! Devia haver um código em que viesse prevista uma pena para estes casos. Também me lembrei que seria bom para a Sónia por os olhos na Irina que, coitada, perdeu as duas bolas (de ouro) também já às portas do dito dia.
Isto de facto é um flagelo e já estou a ver a Sónia a unir-se com a Irina para uma DASV – Deixadas Antes do S.Valentim.
Go Sónia, go!
Sónias destas vidas, estamos com vocês!