segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Encontrei a Sónia na baixa

Sexta-feira passada, depois de um belo jantar, estava num bar na baixa do Porto.
Verdade seja dita que nunca me passou pela cabeça encontrar a Sónia, não na baixa porque isso já há muito que esperava, mas naquele bar. Naquele bar nunca, sempre achei que não era o estilo dela.
Ao contrário da maior parte das vezes, estava de costas para a entrada, pelo que não pude usufruir da alegria de a ver entrar.
Estava de copo na mão a meio de uma bela conversa quando ouvi atrás de mim “Néstes, néstes, eu hoje tou com tudo” (presumo que néstes seja a forma mais efusiva da Sónia dizer não) – naquele momento só pensava naquela música “tu és pe pe pe pereré, és perigosa”, Sérgio Rossi, oiçam que percebem logo. Aquela voz soou tão familiar que eu nem queria acreditar no que me estava a acontecer, aliás, cheguei mesmo a ponderar se já teria bebido de mais.
Olho para trás, disfarçadamente por cima do ombro e… lá estava ela acompanhada de três elementos do sexo masculino, mas dada a forma como interagiam, nenhum deles me pareceu o tão famoso “Zé Manel”, penso que devia ser apenas um grupo de “manos” da nossa querida.
A Sónia estava discreta que só ela e, na primeira análise, até achei estranho. Jeans pretos com umas letras no bolso de trás, casaco de pêlo acrílico preto completamente apertado, uma bolsa de corrente metálica, batom vermelho não muito carregado, cabelo (em tom louro escuro, com raiz em tom preto, como já sabem) completamente esticado. Confesso, que este estilo até lhe conferia um ar mais crescido. E pensam vocês – caramba, assim tão normal? Desenganem-se! Até aqui tudo certo, mas eis que olho para os pés e todo o meu mundo parou (quer dizer, não sei se foi o mundo ou se terá sido mesmo o meu cérebro). Os sapatos da Sónia! Deus do Céu, os sapatos da Sónia, qual cinderela, qual quê, muito para lá do sapato de cristal (é hoje que a Soninha perde um sapato e encontra o príncipe). Realmente ela estava com tudo! Os sapatos da Sónia eram pretos, saltos altos bem finos, a parte dos calcanhares em verniz e a parte da frente que deixava ver o seu dedo grande do pé... txaran… purpurinas metalizadas. Sim, leram muito bem, completamente cobertos de purpurinas metalizadas, tão brilhantes que no início fiquei na dúvida se não se trataria de um qualquer efeito da bola de espelhos pendurada no tecto. Não, para mal dos meus olhos que quase cegaram com tanto brilho, era mesmo verdade!
Os amigos da Sónia eram morenos, todos com uma altura a rondar um 1,75m, apenas um era aloirado e estavam os três vestidos de escuro, de salientar apenas os seus penteados. Na Sexta, o gel foi o rei. Os cabelos dos “manos” eram autênticas esculturas de gel, dignas dos melhores museus de arte europeus e tão elevados que os faziam chegar aos 1,80 e tal. Sim, é mesmo verdade, as esculturas capilares tinham à vontadinha 10cm.
Mas, infelizmente, o nosso convívio nocturno durou pouco tempo. Depressa eles se cansaram de ali estar, segundo a Sónia “a música está uma merd@, ainda se desse a Bailando…”. E puseram-se em marcha de saída. Ao passarem por mim, tive a certeza que a Sónia me viu e fiquei muito triste porque nem um sorriso nem um olá. Bolas, no café ela não é assim comigo! Acho que deve ter sido aquela mania feminina de ver as outras fêmeas como concorrência, o inimigo a quem não se deve dar confiança e se possível ignorar, não vá algum dos amigos pedir para ser apresentado. Ou então terá pensado do alto das suas purpurinas de salto “toma, estou com três e tu… coitadinha”. Sónia saiu do bar.

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