segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Fingir

Vou fingir...
Que o silêncio não é incómodo,
E da distância,
Vou fingir que não me importo.
Mas lembra-te,
O que tanto se finge no início,
Como um precipício,
Será impossível de ocultar no fim.
Quando, sem fingir, te direi:
-Não te quero mais!
Tu não sabes, bem sei,
Mas querer tão pouco assim,
É fingir demais,
E isso não é coisa para mim.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Lembrar

Nada passa por mim,
Tudo fica,
O que vejo, o que toco.
Porque o que passa, não se abraça,
E se não fica, não teve graça.
Em mim, tudo fica...
Que o melhor da vida é não esquecer.
Assim, como se enganasse a morte,
Como se prolongasse um sentimento que escorre,
Como se a vida não tivesse fim.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Não Importa

É verdade que eu nunca te escrevi.
E se tantas vezes tentei,
Nunca te disse nada do que senti.
- Oh homem como te amei!
E agora esta vontade louca de o gritar,
Mas o que importa isso agora,
Se não tenho forças para te abraçar,
Tudo acabou e já foste embora.
Oh meu amor,
O que para nós tinha sonhado,
É agora ruído, mera dor.
E ainda que tivesse falado,
Ao ver-te ao longe, tão distante,
Tenho a certeza,
Que por muito que tivesse dito,
Digo agora com tristeza,
Nunca teria sido bastante.
Ah amor, eu repito,
Se em poemas não te soube amar,
Não será com palavras que te vou odiar.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Há gavetas que não se devem abrir.
Melhor que se guarde o passado,
No armário do fundo, bem arrumado.
Porque é impossível ver o presente,
Continuar ou seguir em frente,
Teimando em viver a olhar para trás.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Enlouquecida

A primeira palavra é o que me custa.
Depois disso todo o texto corre.
E, como ele,
Tudo o que se esconde em mim,
Pelas páginas abertas escorre,
Em chamas,
Do princípio ao fim.
Numa cadência sedenta de gritar,
Abrem-se mundos, correm astros.
E confesso, pela fantasia,
Posso voar ou andar de rastros.
Tão cega, decerto, já tão enlouquecida.
Escrevo sempre a mesma coisa,
É sempre mesma história já tão lida.
O mesmo papel que não tem graça.
Mas a fúria não passa,
Escreva isto e mais aquilo,
Faça eu o que quer que faça.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A Mulher e o Tupperware

Sim, leu muito bem… a mulher e o tupperware!
Essa febre desmedida, essa paixão, esse fogo que arde e que se vê à distância.
De facto, enquanto os homens só pensam em futebol (e sexo quanto baste), as mulheres só pensam em tupperwares ou pensam muito vá (quase mais do que em roupa, espantem-se).
Essas caixas de plástico (do demónio) são uma fixação estranha que os homens não percebem e, em boa verdade, nem eu.
Mas, desde a mãe, passando pela amiga e a acabar na vizinha, todas as mulheres têm uma colecção intocável de caixas e caixinhas, sendo que algumas delas são pequenos luxos (quase tão caros como uma Chanel).
E é vê-los belos e reluzentes, empilhadinhos numa organização digna de estudo e a fazer pendant em colunas dentro do armário.
E depois há toda uma panóplia, e há catálogos, e há clubes e há tudo e mais alguma coisa.
Abre-se um frigorífico e ei-los devidamente encaixados uns nos outros numa espécie de puzzle.
Há o tupperware que faz arroz e o que faz omeletes (espécie de bimby da tupperware), há o tupperware de transporte e o do frigorífico. E depois há aquele de ir ao micro-ondas e o outro que não pode ir à máquina de lavar loiça (e elas não se importam nada de estragar as unhas e de os lavar à mão). Há um especial de pic-nic e mais um especial de Natal e ainda outro lindo de morrer que fica super bem na bancada da cozinha com biscoitos. E o tupperware em forma de coração e o outro que é vintage, herdado da avó e que causou discórdia nas partilhas. Ah, e aquele que indica a dose específica de esparguete consoante o número de pessoas e mais aquele próprio para guardar bananas (quem diz bananas, diz maçãs e alhos… eles vêm em todas as formas e feitios) e mais um de guardar cebolas (lindo lindo, que até dá para pendurar na prateleira do frigorífico e ainda nos faz poupar espaço). E não esqueçamos, porque está muito na moda, o tupperware marmita, em vários estilos e com diversos separadores incluindo um espectacular de transportar molho (o que precisas mesmo para as saladas).
E os diferentes materiais e as diferentes colecções, e os variadíssimos tamanhos, e a troca de catálogos (semanal ou mensal) e as amigas especialistas que quase dão aulas de como aproveitar todas as funcionalidades dessas caixas, essas malditas caixas.
Tenho para mim que há quem guarde sobras, mesmo sabendo que dias depois vão para o lixo, só para dar uso ao tupperware que leva, exactamente, aqueles míseros 4 grãozinhos de arroz que vão ficar lindamente naquela caixinha.
Há o tupperware que nunca foi estreado porque ainda não se teve a quantidade ideal de sobras para o usar. 
Na verdade, eu não percebo nada do assunto e, confesso, não acho piada a b s o l u t a m e n t e nenhuma!
Porém, eu própria já me vi envolvida em situações complicadas com as caixas demoníacas. Porque não sei se sabem (e se ainda não vos disse, digo-vos agora) este assunto pode por fim ou, pelo menos, melindrar amizades. Vejamos… Houve um jantar em tua casa e a tua amiga amavelmente fez uns docinhos para levar. Por lapso o seu belo tupperware ficou esquecido em tua casa (bolas logo aquele que ela ama de morte e que só usa nestas situações por ser tão mágico). E já passaram 3 dias (sim, 3 dias) e nem sinais de o devolveres e, nesse momento, começam as mensagens… “Amanhã se vieres cá traz-me o tupperware, por favor! É que está a fazer-me falta. Ah, e não precisas de o lavar porque gosto de ser eu a fazê-lo! eheheh beijinho”. – UH?!?!?! É isso mesmo, medo de perder a sua caixinha, medo que fiques com ela, medo que a laves na máquina e perca aquele brilho e as purpurinas, medo de nunca mais o seu querido tupperware ser o mesmo… 
M E D O tenho eu, e muito, dessas caixas.
E a tua mãe, a tua avó, a tua tia, a tua irmã que te ligam em desespero – “Por acaso não tens por aí um tupperware branquinho, com tampa… tem umas pegas de lado também em branco. É daqueles rígidos e brilhantes. TENS??? Espero que não o tenhas usado para guardar nada com caril ou, valha-me o teu bom senso, não o tenhas emprestado ou lavado com esfregão!”
BOM SENSO?!?! Isso é o que uma pessoa pede perante isto!
A solução para estas situações… Deves ter sempre um tupperware daqueles mais fraquinhos (daqueles que escondes no fundo do armário que nem é digno ter daquilo assim á vista) para levares para casa das outras pessoas ou para os teus amigos levarem sem problemas (dizem as vozes da experiência de quem já perdeu algumas das suas caixinhas mais preciosas), assim se ficares sem ele, não vês a tua colecção incompleta (que isto de comprar a gama completa das caixinhas amarelas e depois ficares sem a caixinha de tamanho médio é um horror, fica a colecção estragada).
Homens que me ouvem, quantos de vocês já foram dispensados de ajudar a arrumar a cozinha por causa desse ritual fantástico e prazeroso que é o de escolher, de organizar, de guardar, de lavar essa coisa chamada tupperware?! Agradeçam ao tupperware, ah e, se possível, garantam que há sobras do jantar para se eximirem dessas tarefas e correram directamente para os braços da playstation!
Homens que me ouvem, deram o primeiro jantar em vossa casa àquela miúda por quem estão apaixonados e ela deixou um tupperware lá esquecido?!? Adiantem-se, mandem uma mensagem de boa noite e incluam um “P.S.Esqueceste de levar o tupperware… já está limpinho com todo o cuidado pronto para te ser devolvido “. Já agora aproveitem isso como desculpa para marcarem um encontro no dia seguinte, garanto que a conquistam pela certa! 
Homens que me ouvem, quantos de vocês não sabem o que oferecer para verem os olhos da vossa amada a brilhar como estrelinhas cintilantes (sim, porque quando ofereceram aquele livro best-seller, não aconteceu)?! Acho que já não preciso de vos responder…


P.S.  ir às compras e trazer uma bola gigante de queijo ou uma tonelada de iogurtes porque... sim... oferecem um tupperware!

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Afinal, sonhar é não viver!

domingo, 2 de novembro de 2014

Depois Do Fim

Lá fora, a chuva cai grave e pesada.
Um dia, seja eu também uma gota.
Uma graça lembrada,
Nessa face em que escorra.
Afinal,
No fim somos apenas,
A lágrima acendendo a lembrança,
Para que nos corações não se morra.
Sim, essa saudade infinda.
Porque depois do fim,
Como as gotas da chuva,
Sim, depois do fim,
Somos tanta vida ainda.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Assunto Banal

O homem que outrora amei,
É agora, na minha boca,
Um mero assunto banal.
De escárnio e de riso,
E, talvez, de algum desdém.
Como um artigo de jornal.
O homem que outrora amei,
É só isso,
Um mero assunto,
Que não interessa a ninguém.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Virei As Costas

De tanto te querer, andei perdida.
Achei-me só, de alma gasta,
Numa alegria demasiado vazia.
Pois enquanto o mundo corria,
A vida por mim passava,
Passava e eu não a via.
Meus olhos cegos de te ver,
Eu tão cansada de esperar,
Uma vontade de correr,
Cruzar a rua e te abraçar.
Mas um dia,
Sem ter mais o que perder,
Que perdida andava eu.
E sem saber o que me deu,
Nesse dia, disse basta.
E a sorrir, dobrei a esquina,
Disse-te adeus em surdina,
E virei as costas à desgraça! 


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Não Digas Nada

Peço-te que não digas nada,
Uma só palavra será demais.
Eu não quero saber do que viste,
A quem te deste, onde dormiste.
Os teus olhos nada me dizem,
Sombras e verdades que se fingem.
Porque eu, confesso triste,
Não perdoo jogos e habilidades,
Esses fracassos e fragilidades,
Refúgio de quem não sabe amar.
Que só almas fracas falam assim,
Falam do que vêem sem alcançar.
Eu não quero saber por onde andaste,
Até onde, com egoísmo, te levaste.
Porque eu, não quero essas mãos,
E longe de mim esse olhar.
Porque eu,
Não quero braços,
Que me toquem sem me abraçar.
Eu quero olhos por onde viaje,
E uma boca que me fale sem falar.
Por isso, escuta o que te peço:
- Não digas nada, segue!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Insónia

Às tantas, a noite fez-se dia,
O vento perdia-se em melancolia.
E eu, eu já confundia.
A tristeza com alegria.
Às tantas, já não sabia,
Se era ódio, afinal,
Todo o amor que sentia.
E assim, enquanto dormias,
Beijei-te o ombro nu,
Porque o corpo dá respostas,
Tem destas magias.
Mas resposta, nenhuma.
Entre o ódio e o amor,
Fiz apostas.
Toda a noite, sem dormir,
Li as estrelas uma a uma.
E agora, eu pergunto,
Se o problema serei eu,
Ou, num corpo que emudeceu,
Se, às tantas,
O problema, serás tu.
Raio de insónia,

Que agonia!

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Desejo

Amor,
Eu sou tão louca,
Que às vezes julgo ver,
O mar na tua boca.
Oh amor, o desejo,
De prender os teus braços,
Como dois laços,
Na minha cintura ou no meu peito.
E acredita, amor,
Ninguém te vê como eu te vejo.
Nem há no mundo outros olhos,
Tão brilhantes só de olhar-te,
Mãos que ardem de tocar-te,
Como astros num lampejo.
Outra boca,
Outro fogo que se alastre,
Pelo meu corpo, quando te beijo.
Oh amor, amor,
Se isto não é loucura,
Diz-me então, amor,
O que será!

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Essa Gente

Tanta gente me tem inveja e eu, louca, sem remédio,
Não percebo essa gente, por invejar todo este tédio.
Esta alma tão vazia.
Que o tempo me esgotou do melhor com que nascemos.
Oh Meu Deus,
Eles não sabem que a minha alma está perdida.
Não imaginam o inferno de viver a minha vida.
Toda a dor, toda a amargura.
Ah, como eu dava tudo para voltar a ser menina!


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Bar

Quando te vi entrar no bar,
Foi mais o susto por pensar
- Triste homem ali vem!
Do que o mais que te tenha amado.
E olha que demais, como eu,
Até hoje,
Nunca mais te amou ninguém!

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Diz-me!

Diz-me amigo,
Que mal te fez o mundo.
Que te pôs cego, moribundo.
Diz-me amigo, diz-me já!
Eu acabo com ele, 
Com o mal que o imbecil te faz.
Mais do que isso, apesar do cansaço,
Ah mundo que te desfaço!
E acredita, amigo,
Eu sou capaz.
Por ti, ponho-lhe um fim.
Oh amigo, diz-me lá,
Uma só palavra basta.
Amigo,
Eu mato esse vagabundo,
Eu acabo com a desgraça!

Inverno No Peito

Hoje, é Inverno no meu peito.
Desde que, aflito, te viu partir,
Vive de terror, este coração desfeito.
Hoje está frio.
E repito,
É Inverno no meu peito.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Desabafo

Hoje falei com o espelho.
Sabias Inês,
Hoje falei com o espelho,
E depois, sentei-me a escrever.
É isto que tenho feito,
Neste lugar ermo e sepulcral.
Todos os dias, sem parar.
Para não enlouquecer,
Mas, sobretudo, para não pensar.
Tu sabes Inês,
Para não pensar em morrer.

Espera

Nesta sala fechada,
A luz é defunta, é negra, é pesada.
Olho pela janela e não encontro nada,
Lá fora toda a vida morreu.
E eu toda a vida inquieta,
Sou agora, como a rua deserta,
Leve rumor do que aconteceu.
Das noites o sabor,
De ti uma sede infinda.
Do passado, confesso,
Um delírio, triste saudade ainda.
E assim, à janela sozinha,
Espero a noite, o alvor, a tua chegada.
Por favor, 
Tem dó da alma atormentada,
Desta mulher apaixonada,
Pedindo só que a visites,
Quando chegar a madrugada!

Escrever-te, Para Quê?

Escrever-te, para quê?
Se tanto te falei e tu não ouviste.
Se sempre te amei mais do que pediste.
Escrever-te, para quê?
É melhor que te esqueça,
Que fale só a quem mereça,
Uma palavra, um beijo, um sorriso.
Há, decerto, quem queira tudo isto,
Procure um afecto, de amor precise.
Escrever-te, para quê?
Se o que mais amei,
E com loucura, sempre te disse,
Foi somente, aquilo que fingiste!

domingo, 31 de agosto de 2014

Demais

Meu amor,
Se eu te falasse do que vejo,
E de tudo quanto almejo.
Se eu te falasse daquele beijo,
Esse desar que desminto,
Ou te contasse sobre a noite,
Te confessasse o que sinto.
Ah, se te contasse isso tudo!
Assim, sem medo e nenhum pejo.
Juro-te que não minto,
Tu não acreditavas, meu amor.
E o mundo, de espanto agudo,
Ah, o mundo,
Ao saber disso tudo,
O mundo ficava mudo!

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

É Só Poesia

Escuta homem, nós somos as palavras,
Somos o escândalo, o desejo, o precipício.
Mas eu não posso amar-te, homem,
Nem tu a mim.
Eu sou loucura, tu és artíficio.
Viciados numa poesia sem fim. 
Mas o que fazemos está condenado.
Porque o amor,
O amor, meu caro poeta apaixonado,
O amor não se faz assim.



quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Estupidez

Se me achares, perde-me outra vez!
Que de tanto te encontrar,
De sempre fugir e te evitar,
Sou eu quem se perde quando te vê!
E juro que é perda de tempo.
É insano, imoral até.
Paixão? Não, estupidez!


As Tuas Cartas

Quando me escreves, 
Todo o chão treme sob os pés.
Não te respondo.
Gastar palavras, para quê?
São todas demais para quem tu és!
Vejo que te trais todos os dias.
E dos teus caminhos, nada sei.
Ouve, eu nunca vi flores onde tu as vias!
E enquanto corrias pelos montes e vales.
Toda a vontade perdida em mim arrefeceu e secou!

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

De Alma Só

Eu quis morrer, é verdade!
Não de amor mas de saudade.
De alma só, árida, amargurada,
A pele sem cor, moribunda, toda eu gelada.
Canto a tristeza, a desgraça, a má sorte.
É na tua ausência que sempre, desejo a morte!

terça-feira, 19 de agosto de 2014

O Meu Problema

O meu problema é voar.
O meu problema é voar demais.
Tantas horas, tantas noites e tantos dias.
Demais, voo sempre demais.
E o mundo não perdoa quem ousa voar.
O mundo não aceita essas liberdades.
O mundo não quer voar.
O problema do mundo é a falta de asas.
Grandes ou pequenas, tanto faz.
O mundo não sabe voar.
E esse é, de resto, o grande problema do mundo.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A Inutilidade de Viver

Há dias em que não sei viver…
Na ilusão de que a vida não me chega,
Perco-me na contagem dos dias inúteis!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

(R)elevação

Foi no dia em que te disse que nunca te traí que, claramente, percebi que andava a trair... não a ti mas, indiscutivelmente, a mim!

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Primeiro Amor

Os primeiros amores são tão especiais quanto privados.
Ficam ali num cantinho sigiloso, numa câmara-ardente, num lugar especial sem tempo... Ficam ali um dia e outro, ou até mesmo a vida inteira!

quarta-feira, 26 de março de 2014

Nem Eu Sei

Na certeza de tudo quanto não me acho,
Cresce um medo absurdo do que ainda serei.
Isto, aquilo ou nada…
O que importa?
Nem eu sei.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Aos 28 foi assim...

Dei um murro a um gajo que não conhecia de lado nenhum, no meio da rua.
Magoei-me no pulso mas mais na alma, embora haja quem diga que foi merecido ou que teria feito ainda pior no meu lugar.
Dancei no meio da rua.
Dei gargalhadas daquelas que atravessam o mundo.
Não atravessei o mundo, mas viajei várias vezes… na vida e no pensamento.
Apaixonei-me só uma vez e por um estranho (e acrescente-se doido varrido).
Mas a paixão foi tão rápido quanto veio.
Comi de mais, comi realmente de mais.
Devorei chocolates e whisky.
Cumpri promessas e soube-me a mel (a mel não que não gosto, soube-me a alheira).
Fiz juras que vou cumprir dê por onde der.
Escrevi pouco ou quase nada, não sei bem porquê.
Mas li muito mais e lancei pragas sem fim ao novo acordo ortográfico.
Disse não, aprendi a dizer não (finalmente).
Zanguei-me com duas pessoas importantes.
Fiz as pazes com uma.
Fui mais calma, fui muito mais calma.
Senti-me traída uma vez.
Desiludi-me com pessoas e enfureci-me com o mundo.
Esforcei-me mais do que nunca.
Dancei menos do que gostaria.
Bebi bastante, mas embebedei-me apenas 3 ou 4 vezes.
Nunca para esquecer, sempre para lembrar.
Disse obrigada muitas vezes e amo-te ainda mais
Tive saudades incontroláveis de pessoas, de momentos e lugares.
Chorei algumas vezes nenhuma delas de alegria.
Tive medo de morrer e da morte em geral.
Fui mais crente e rezei mais.
Não desejei quase nada mas sonhei muito.
Esqueci o que havia para esquecer.
Dormi pouquíssimo mas fiquei na cama muito tempo.
Senti-me velha.
Caí pelas escadas três vezes e parti-me toda.
Melhorei a minha fobia ao telefone e atendi quase todas as chamadas.
Conheci pessoas novas e gostei.
Amei só quem já amava.
Disse disparates como se não houvesse amanhã.
Senti-me insegura uma ou duas vezes.
E velha, senti-me velha (já tinha dito - oops, vêem?!  tenho razão).
Consegui acordar e não saber que dia era, como as crianças.
Vivi uma Quarta-feira impecável e só no final do dia soube que, afinal, era Quinta-feira.
Valorizei mais os fins-de-semana.
Cantei a plenos pulmões e não foi só em casa.
Sei que consegui alegrar pessoas e momentos.
Planeei surpresas e ofereci presentes.
Tentei não gastar dinheiro de forma parva e consegui quase sempre.
Aprendi muito e cresci ainda mais.
Beijos e abraços apertados, dei tantos quantos consegui.
Dei mais conselhos do que ouvi.
Ouvi mais sermões do que dei.
Senti-me especial algumas vezes, com o olho a brilhar e tudo!
Fui muito menos vaidosa e saí de t-shirt gasta.
Escrevi cartas em segredo e enviei-as.
Fui feliz, e se não fosse contra o “muito feliz”, até o diria agora.
Mas o mais importante é que tive consciência de tudo isto! 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Carta aberta à baixeza de espírito

Oh baixeza, se é que me ouves, ouve com atenção!
Eu posso descer à lama, posso rastejar nela.
Mas nunca, ouve bem baixeza, nunca vou lamber botas!
Porque na vida há quem beije pés, e eu beijo tantos.
Mas lamber botas, nunca! Antes morta!
Perder-me em esquemas de importâncias vãs e sujas, nunca!
Sabes baixeza, na vida há quem se dê demasiada importância.
Importância que só existe nas suas cabeças.
Cabeças pequenas que alimentam o ego em compras e vendas de um poder que não têm, um poder poucochinho como o seu espírito minúsculo.
E a culpa é tua baixeza, a culpa é mesmo tua, sua parva!
Ouve baixeza, na memória ficam só os grandes, os que não se rebaixam ou se vergam com medo.
Na memória ficam os que lutam pela verdade, os que mesmo na lama mantêm a verticalidade.
Sabias baixeza?
Só que tu baixeza, reduzes as pessoas a uma espécie de plasticina tão maleável quanto os desejos pérfidos das mãos em que caem.
Pois, eu sei que não sabias…
E sabes baixeza, eu posso dançar na lama porque eu, mesmo na lama, tenho coluna vertebral, mantenho a palavra.
Minha cara baixeza, na vida há os que importam e os que se julgam importantes.
Porque, lembra-te baixeza, as pessoas mais vazias são as que vivem cheias de si.
E na vida, há quem arrote a si de tão cheio.
E tu baixeza, vives nestas pessoas.
Haja misericórdia às suas almas!
Oh baixeza, diz-me tu, estas pessoas têm sangue?!
Eu não sei… juro que não!

Mas, retém esta baixeza, quando não há laços, respeito, honra, dignidade e outras tantas qualidades que desconheces ou que matas…quando não as há, o sangue não basta!

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Preto e Branco

Na caixa guardo as cores, para depois.
Na mão, seguro o preto.
Preto carregado, é preto sem dúvida.
Intransponível como tudo o que há para dizer.
A folha perde a palidez,
Tinjo palavras no papel.
Mas o branco, continua branco,
Em cada espaço, em cada silêncio.
É branco alvíssimo, sem dúvida branco.
Puro, como o toque de almas nos corpos.
Como todos os beijos e abraços que demos.
Se fecho os olhos parecem poucos,
E demos tantos.
Mas não há dúvidas,
O preto, 
Verdadeiramente preto, 
No branco,
Imaculadamente branco,
Diz saudade, diz que não volta, diz fim.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O Problema…

Há relações que estão para a vida como a micose para a unha do pé.
Faz-se tratamento, dá-se tempo.
Recorre-se à sabedoria ancestral da avó, as mezinhas da tia, os truques da mãe.
Chovem conselhos dos amigos, dicas do pessoal do trabalho, até a D. Rosa da mercearia racha lenha.
Nada…
Lá está ela de pedra e cal… resistentemente feia, mal cheirosa, comichosa, degradante, crónica, instalada.

À espera da cura ou talvez com os dias contados.