segunda-feira, 14 de junho de 2010

Não sei de nós

Arrasto-me pelos dias numa busca que me vai agonizando.
Procuro-te nas ruas por onde desfilamos procissões de promessas.
Procuro-me nos cantos, agora desertos, onde te cravaste em mim.
Ânsias, desalento, terror… escuridão de emoções que me sutenta!
Encontro-nos em cada esquina fria e gasta.
Esquinas gastas pela surpresa de nunca te ver chegar.
Esquinas gastas pela certeza de eu sempre te esperar.

Tenho frio...
Não sei de ti, de mim, de nós e tão-pouco sei do que nos separa!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Os meus olhos

Os meus olhos dizem o que a boca não ousa pronunciar…
Porque as palavras eu controlo, mas o coração não!
Porque tantas vezes me traio em conversas, mas no meu olhar não!
Porque os olhos são leais à alma , mas a boca não!
Porque os olhos falam sem falar, mas a boca não!
Porque os olhos brilham, mas a boca não!
Porque os olhos são paz e afecto…a boca é matéria, é razão!
Porque os meus olhos não gostam do escuro…
E eu também não!
Sim! Os meus olhos não têm faz de conta…
E eu tambén não!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Noite de glória

Noite bela de céu escuro e luminoso.
Quente… noite velha e escaldantemente preciosa.
Loucos!
Unidos debaixo de um manto escuro.
Loucos recheados de paixão, inconscientemente tão íntimos.
Danças e roucos uivos por entre o denso arvoredo.
Pequenos brilhos no meio da folhagem denunciam os companheiros da noite.
Lua e todos os astros num perfeito alinhamento cósmico.
Rituais de lascívia interminavéis, penetrantes e intensamente ondulantes.
Garrafas vazias, roupas despidas e corpos de encaixe sinuosamente perfeito.
Ah! Noite de glória!
Nós…!
Loucos de ânimos desordenados em jogos e toques de cetim.
Insanos de corpos celestes e razoavelmente excessivos.
Devoramos os sentidos e toda a natureza com uma avidez impetuosa.
Noite de arrebatamento em que fomos grandiosos meteoritos.
Noite…atrevida!
E nós perigosamente ousados naquela escuridão.
Nós aparentemente inquebráveis e tão eternos.
Nós…os mesmos que precisamente antes do amanhecer… já não existiam!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Mais triste que o próprio fado

Que importa se o fado é triste,
Se mais triste sou eu por não te ter!
Converteste o nosso amor num deserto,
Onde não há água, almas ou amor.
Não há nada!
Uns braços que se desprenderam,
Um coração interrompido,
Uma vida quebrada!
Triste fado, triste deserto, triste rumo.
Infindável e triste caminho sem dia,
Este caminho sem ti!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

...a última

Hoje fui à praia, olhei o mar e lembrei-me de ti.
Sentei-me na areia, vi o sol alto e enconberto, a maré cheia.
Apeteceu-me ver-te, ver os teus olhos tão lindos, tão brilhantes!
Apeteceu-me o teu abraço, o teu carinho e o teu sorriso pronto.
Hoje olhei o mar... faz-me sonhar...
Lembrei-me de ti, de como és lindo!

És como o mar!
Senti uma pontinha de saudades.
Fiquei a ouvir o schschsch das ondas...a sorrir e a pensar em ti!