domingo, 13 de março de 2016

O Primeiro Dia Sem Ti

O Primeiro Dia Sem Ti

Hoje foi o meu primeiro dia sem ti e nunca pensei que me fosse custar tanto a tua ausência.
Ainda não saíste de casa mas, tenho a certeza que vai ser doloroso ver-te partir.
Sempre te chamei carinhosamente “o meu Hoje”, o meu HJ que via à distância no meio da multidão. Não há nenhum amigo a quem não te tenha apresentado. Todos te associavam a mim como se fosses uma parte de quem sou. E a verdade é que eras mesmo.
Poucos se podem dar ao luxo de ter a sintonia que nós temos (nós tínhamos)… ambos peritos em saltar números, facilmente passamos do 1 ao 3 e, quantas vezes, nem pelo um passámos.
Sempre me deixaste correr os meus próprios riscos mas puxaste por mim inúmeras vezes, tendo eu que te por o travão. E inúmeras vezes, também eu, levei-te ao limite e tu, subtilmente, fizeste-me ver que não podia abusar. Ainda assim, houve vezes em que nos desgovernámos, consigo ver-nos completamente destravados, ambos descontrolados mas sem nunca nos pormos em risco. Tanto tu como eu somos os maiores a meter água e água da grossa. Neste momento, veio-me à memória o dia em que me deixaste apeada às 5h da manhã, agora consigo achar graça e até te dou razão (fui parva em meter-te naquela confusão).
Lembro-me das vezes em que te deixei ir durante dias com algum amigo meu, na noite de Natal ias sempre à missa do galo com o meu melhor amigo. Lembro-me das noites em que, embora sejas muito individualista, te deixaste envolver por grupos grandes de amigos meus. Lembro-me de deixar-me ficar atrás a ver-te seguir ágil com alguma pessoa da minha confiança. Lembro-me das vezes em que fomos abordados pela polícia. Fomos abordados no nosso primeiro dia, lembras-te?
Esta relação meio acidental, sem o ser de verdade, será para sempre a mais especial. Foram 12 anos, caramba, 12! E antes de sermos parceiros nesta corrida da vida, já nos conhecíamos há muito. Conheci-te aos 13 anos, ias buscar-me à escola preparatória para me levares a casa e passados 6 tornamo-nos na melhor dupla de sempre.
Fizemos tantas viagens, fomos juntos a tantos lugares especiais. Guardaste tantos segredos meus, tantos disparates, tantas conversas… Céus, gosto de ti!
Hoje arrependo-me de não te ter tratado melhor, arrependo-me das noites em que não te deixei entrar em casa. Se eu soubesse que isto ia acabar assim, teria feito diferente, juro-te que sim!
Tive a minha primeira viagem sem ti. Custou-me horrores, em todos os momentos, em cada segundo me deixei abater pelas nossas memórias. Em todas as subidas que não consegui fazer da mesma forma de antigamente, em todas as tentativas de excesso… a falta que me fazes!
Não há volta a dar, já não te sinto meu, embora ainda sejas. Na verdade, serás sempre meu. E nem quero pensar quando te encontrar com outra pessoa.
Este meu novo colo não é tão frio quanto o teu, dá-me coisas que tu não poderias de maneira alguma dar-me. Ele aquece-me os pés e as mãos, dá-me segurança, tem um perfume melhor, não é duro comigo como tu costumavas ser (é bem mais calmo) e, como sabes, estava cansada de tapar os buracos. Mas, não consigo senti-lo, é distante e, tu sabes, eu amava a adrenalina que me fazias sentir.
De ti, guardarei as rosas (agora secas) e todas as memórias que o tempo jamais apagará!
Adeus meu querido "porsche" HJ.

19-02-2016