segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Assunto Banal

O homem que outrora amei,
É agora, na minha boca,
Um mero assunto banal.
De escárnio e de riso,
E, talvez, de algum desdém.
Como um artigo de jornal.
O homem que outrora amei,
É só isso,
Um mero assunto,
Que não interessa a ninguém.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Virei As Costas

De tanto te querer, andei perdida.
Achei-me só, de alma gasta,
Numa alegria demasiado vazia.
Pois enquanto o mundo corria,
A vida por mim passava,
Passava e eu não a via.
Meus olhos cegos de te ver,
Eu tão cansada de esperar,
Uma vontade de correr,
Cruzar a rua e te abraçar.
Mas um dia,
Sem ter mais o que perder,
Que perdida andava eu.
E sem saber o que me deu,
Nesse dia, disse basta.
E a sorrir, dobrei a esquina,
Disse-te adeus em surdina,
E virei as costas à desgraça! 


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Não Digas Nada

Peço-te que não digas nada,
Uma só palavra será demais.
Eu não quero saber do que viste,
A quem te deste, onde dormiste.
Os teus olhos nada me dizem,
Sombras e verdades que se fingem.
Porque eu, confesso triste,
Não perdoo jogos e habilidades,
Esses fracassos e fragilidades,
Refúgio de quem não sabe amar.
Que só almas fracas falam assim,
Falam do que vêem sem alcançar.
Eu não quero saber por onde andaste,
Até onde, com egoísmo, te levaste.
Porque eu, não quero essas mãos,
E longe de mim esse olhar.
Porque eu,
Não quero braços,
Que me toquem sem me abraçar.
Eu quero olhos por onde viaje,
E uma boca que me fale sem falar.
Por isso, escuta o que te peço:
- Não digas nada, segue!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Insónia

Às tantas, a noite fez-se dia,
O vento perdia-se em melancolia.
E eu, eu já confundia.
A tristeza com alegria.
Às tantas, já não sabia,
Se era ódio, afinal,
Todo o amor que sentia.
E assim, enquanto dormias,
Beijei-te o ombro nu,
Porque o corpo dá respostas,
Tem destas magias.
Mas resposta, nenhuma.
Entre o ódio e o amor,
Fiz apostas.
Toda a noite, sem dormir,
Li as estrelas uma a uma.
E agora, eu pergunto,
Se o problema serei eu,
Ou, num corpo que emudeceu,
Se, às tantas,
O problema, serás tu.
Raio de insónia,

Que agonia!

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Desejo

Amor,
Eu sou tão louca,
Que às vezes julgo ver,
O mar na tua boca.
Oh amor, o desejo,
De prender os teus braços,
Como dois laços,
Na minha cintura ou no meu peito.
E acredita, amor,
Ninguém te vê como eu te vejo.
Nem há no mundo outros olhos,
Tão brilhantes só de olhar-te,
Mãos que ardem de tocar-te,
Como astros num lampejo.
Outra boca,
Outro fogo que se alastre,
Pelo meu corpo, quando te beijo.
Oh amor, amor,
Se isto não é loucura,
Diz-me então, amor,
O que será!

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Essa Gente

Tanta gente me tem inveja e eu, louca, sem remédio,
Não percebo essa gente, por invejar todo este tédio.
Esta alma tão vazia.
Que o tempo me esgotou do melhor com que nascemos.
Oh Meu Deus,
Eles não sabem que a minha alma está perdida.
Não imaginam o inferno de viver a minha vida.
Toda a dor, toda a amargura.
Ah, como eu dava tudo para voltar a ser menina!


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Bar

Quando te vi entrar no bar,
Foi mais o susto por pensar
- Triste homem ali vem!
Do que o mais que te tenha amado.
E olha que demais, como eu,
Até hoje,
Nunca mais te amou ninguém!

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Diz-me!

Diz-me amigo,
Que mal te fez o mundo.
Que te pôs cego, moribundo.
Diz-me amigo, diz-me já!
Eu acabo com ele, 
Com o mal que o imbecil te faz.
Mais do que isso, apesar do cansaço,
Ah mundo que te desfaço!
E acredita, amigo,
Eu sou capaz.
Por ti, ponho-lhe um fim.
Oh amigo, diz-me lá,
Uma só palavra basta.
Amigo,
Eu mato esse vagabundo,
Eu acabo com a desgraça!

Inverno No Peito

Hoje, é Inverno no meu peito.
Desde que, aflito, te viu partir,
Vive de terror, este coração desfeito.
Hoje está frio.
E repito,
É Inverno no meu peito.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Desabafo

Hoje falei com o espelho.
Sabias Inês,
Hoje falei com o espelho,
E depois, sentei-me a escrever.
É isto que tenho feito,
Neste lugar ermo e sepulcral.
Todos os dias, sem parar.
Para não enlouquecer,
Mas, sobretudo, para não pensar.
Tu sabes Inês,
Para não pensar em morrer.

Espera

Nesta sala fechada,
A luz é defunta, é negra, é pesada.
Olho pela janela e não encontro nada,
Lá fora toda a vida morreu.
E eu toda a vida inquieta,
Sou agora, como a rua deserta,
Leve rumor do que aconteceu.
Das noites o sabor,
De ti uma sede infinda.
Do passado, confesso,
Um delírio, triste saudade ainda.
E assim, à janela sozinha,
Espero a noite, o alvor, a tua chegada.
Por favor, 
Tem dó da alma atormentada,
Desta mulher apaixonada,
Pedindo só que a visites,
Quando chegar a madrugada!

Escrever-te, Para Quê?

Escrever-te, para quê?
Se tanto te falei e tu não ouviste.
Se sempre te amei mais do que pediste.
Escrever-te, para quê?
É melhor que te esqueça,
Que fale só a quem mereça,
Uma palavra, um beijo, um sorriso.
Há, decerto, quem queira tudo isto,
Procure um afecto, de amor precise.
Escrever-te, para quê?
Se o que mais amei,
E com loucura, sempre te disse,
Foi somente, aquilo que fingiste!