domingo, 26 de agosto de 2012

Os Homens e os "joguinhos" de Futebol

Quase todos os homens que conheço, ou pelo menos todos com os quais me relacionei, jogam futebol com os amigos, uma ou duas vezes por semana lá vão eles.
As equipas estão constituídas quase desde a altura das fraldas, pelo que raramente são permitidos elementos novos.
Falam das ditas com orgulho, defendem-nas com fervor e, portanto, os amigos do "cacete" têm um lugar especial nas vidas deles. Chega a acontecer que os tais nos sejam apresentados da seguinte forma - "Este é o João, meu amigo do futebol".
Até aqui tudo certo, acho muito bem que pratiquem uma actividade física e se gostam dessa, pois que seja.
O que eu nunca percebi é o porquê de não poderem faltar e ai de quem insista para o fazerem, na medida em que se o fazem só podem ser umas insensíveis, inflexíveis e chatas.
Vai daí, estes joguinhos de futebol tornam-se o maior inimigo das mulheres, a seguir às sogras, claro!
Quem nunca ouviu semelhante frase - "Não posso faltar, não posso mesmo. Assim em cima da hora eles não conseguem arranjar ninguém para me substituir.". Saliente-se que o " em cima da hora" pode até ser uma semana de antecedência.
Depois vêm também com aquele motivo para lá de legítimo que é o facto do pavilhão lhes estar arrendado naqueles dias da semana até ao dia da sua morte, pelo que quem paga tem que usufruir ao máximo.
Portanto, a menos que no mesmo dia, à mesma hora, passe na televisão um jogo do clube do qual são adeptos - porque, minha gente, com este jogos ninguém brinca! - nada os fará faltar.
É normal, por isso, que quando uma amiga nos telefona em determinado dia a perguntar se queremos fazer alguma coisa, é completamente escusado perguntar onde anda o namorado/marido/amante/gajo-que-lhe-salta, porque a resposta, essa já conhecemos bem.
No entanto, pode acontecer o seguinte:
- Querida, jantamos hoje?
- Então, não tens futebol?
- Não vai haver… o Tó tem que ir com a Teresa escolher um presente qualquer de aniversário. Não arranjamos ninguém. (Tudo isto é dito com o maior ar de desânimo e tristeza).
Como é isto afinal? Os outros podem faltar mas o nosso homem nunca pode?! Os outros faltam (dava tudo para saber o tipo de ameaça que está por detrás destas faltas) em cima da hora por motivos aparentemente banais e o nosso não? Faltam e, afinal, o mundo não acaba nem há choro e ranger de dentes?! E se o confrontamos com tal, a resposta é - "Isso é lá com ele, eu não faço isso à minha equipa. Jamais os deixaria na mão".
É por isto que, nós chegamos ao ponto de gerirmos a nossa agenda, não marcando nada importante para os dias em que eles têm futebol, ou acabamos sozinhas num concerto qualquer.
Há uns anitos, arranjei convites para uma peça que o homem com quem andava na altura queria muito ver. Ligo-lhe com a boa nova de que no dia seguinte teríamos um excelente programa, aperitivo depois do trabalho, jantar num restaurante que adorávamos e depois a tão desejada peça numa grande sala da cidade. Foi aí que começou o drama (Era dia de jogo, bolas!), vieram as palavras de compreensão mútuas que soavam a vingança futura, a chantagem e manipulação emocional, sendo que quase entrámos num jogo de braço de ferro. E eis que ele se sai com a brilhante frase - "Vá, vamos decidir como um casal normal!", esta foi de mestre. Ainda hoje lhe bato palmas, ainda que continue sem perceber como decide um casal normal. Mas a verdade é que ele ia faltar ao jogo, não fosse eu ter conseguido convites para outro dia (não queria ficar com o peso de arruinar aquele jogo, sendo certo de que isso seria usado contra mim no futuro).
Anos depois, quando combinava uma ida ao cinema com um "amigo con derechos" (ainda por cima, era um filme do qual eu não gostava muito e durava três malditas horas), chega o momento de se escolher a sessão e diz-me ele que tem que ser a da meia-noite porque é dia de futebol e, com sorte, conseguiria lá estar às 23:50 - Santo Deus! Aquilo que tinha tudo para ser um bom serão, tornou-se num penoso episódio para mim… tirava os ósculos 3D, voltava a colocá-los, tirava-os, olhava para o tecto e desejava que acabasse o filme.
Tudo por causa desses jogos que têm que acontecer nem que o mundo acabe. E não adianta chorar, espernear, jurar vingança, ameaçar fugir e levar o cão e o carro, nada os deterá, nada!
Até já tentei saber se seriam as conversas do balneário o cerne da questão, mas não, dizem eles que não são comos nós e que não falam de nada de especial (está, vou tentar acreditar que nunca falam de "gajas boas").
Ah, e os jantares do pessoal do futebol?! Pois que também os há com frequência.
E é aqui que as mulheres são tão inteligentemente diferentes e mostram que sabem fazer melhores escolhas. Porque as mulheres (e toda a gente sabe que são obcecadas com a celulite, com as unhas, com o cabelo e por aí fora) têm o discernimento de dispensar uma massagem linfática, um tratamento corporal que está marcado há séculos porque a clínica é boa e muito concorrida, uma ida ao ginásio cuja mensalidade lhes é debitada mensalmente na conta ou uma ida às compras da qual precisam mesmo, em prol de um programa a dois, ainda que este até possa ser do mais simples.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A vida inteira

Fome nas mãos.
Ternura na boca.
Um olhar de súplica.
Um beijo que demora.
Um amor acorda.
E uma vida inteira à porta.

O que não fui

Deram-me a possibilidade de ser o que não fui.
Tudo o que quis foi perder-me por entre tempestades.
Subir todos os montes e abraçar liberdades.
E assim, presa a quem sempre fui, não agarrei o que sonharam para mim.
Perseguindo os abismos da saudade do que nunca existiu.
Aqui e agora, onde me encontro a viver da única maneira que me sei ser.
E pouco a pouco, o que não fui vai ficando para trás.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Limito-me a ajustar os dias à tua ausência.
Há saudades que nos arrastam sempre para uma tristeza que não tem fim.