sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O que eu levo da vida são, mais do que qualquer outra coisa, as viagens emocionais, os beijos, os abraços, os afectos e todos os laços.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Cartas

Escrevo cartas de amor na real certeza do erro.
De dentro como o desejo manda.
Escuras, assim a verdade molda.
Escritas ontem.
Não me parecem sentidas hoje.
Paixão arrependida do arrebatar fácil.
Tarefa parva da alma sozinha.
Ouve o piano numa melodia sombria.
A tela, em nódoas, de cinza e árido pintada.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Há quem ouse querer tocar o céu sem sequer erguer os braços!


De perto, ao longe

O fim ali tão perto.
Espelhado no sol daquela manhã.
O teu corpo inundado pelo frio impiedoso.
O regresso visto assim de longe.
Apagas ao de leve as histórias delineadas.
Escrevo pelo corpo à tua alma.
Só depois, reinvento-te hoje.
As feridas afogadas na garrafa terminada.
O lado claro da tua pele curada.
Fazem sentido palavras de vontade encharcadas.
Por perto, o tempo abranda nesta volta, vinda de longe.
O que dizes aproxima-se, depois.
Aqui, de perto, o fim acena ao longe.

sábado, 19 de janeiro de 2013

O Perto fez-se Longe

Escrevo no teu corpo as convenções.
Vais falando, estás longe.
O sol queima a pele que já não sente.
Perdes os dedos em mim.
E desenhas-me a história nos contornos.
Traço firme na luz imperfeita.
Escorro a garrafa, vou escrevendo.
Na debandada das emoções.
Vais lendo lá de longe, no tom da manhã.
Sabe a frio o meu corpo de ti tão perto.
Perco a tua voz no eco da moral chagada.
O arrojo vem longe, no rascunho desconexo.
Não está certo.
Pertence a ti a obra de acabar.
Morremos assim num acordar duvidoso.
A fantasia está longe.
Morremos assim sem o amor regressar.
Ao fundo, o fim ao longe.
Está tão perto.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Um Poema

Pega-se em tudo e mais uns quantos "nada".
Numa mistura que se grita pelas mãos.
Um poema é isso.
Metade é amor, outra metade é dor.
Um tanto de ilusão, de vontade.
Outro tanto de castração, de pejo.
Um poema é isso.
O que se sente e mais o que não se quer sentir.
O frio da realidade ou o sonhar do desejo.
O avesso ou a capa, tanto faz.
Um poema é isso.
Uma linha de verdade e um resto de encenação.
Tudo quanto se vive e uma imensidão que se viaja.
Ou ao contrário se preferir.
A carta que se guarda ou a folha que vai para o lixo.
Um começo ou um fim.
Um poema é isso.
O que não se quer calar sem se chegar a dizer.
O que não se explica mas a emoção traduz.
É isso, um poema é isso.
Ou até mais, se calhar.

Não Se Adorem

O grande problema das pessoas não é amarem-se pouco ou odiarem-se muito.
Não, o grande problema é essa tendência patética de se adorarem umas às outras.
Pessoa nenhuma deveria adorar outra pessoa.
Da minha parte, não adoro nem nunca adorei ninguém.
Que gostem de mim, que me amem ou até que me odeiem mas que não me adorem de maneira alguma.
Tenham medo de adorações e fujam a mil se alguém vos adorar!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Toda a dúvida é uma vontade suspensa!

Se Eu Te Pedisse

Se eu te pedisse que calasses o ar,
Aquele que se estende e alimenta a nossa distância.
Sonho.
Se eu te pedisse que parasses o tempo,
Como se fosse nosso.
E eu e tu, eternizados num olhar que não se afasta.
Bebo da fonte em que esgoto a procura.
És meu, sou tua.
Tocam-se as almas num abraço.
Tens o dom de me despertar da fantasia,
Abro os olhos.
És ainda meu, eu sou ainda mais tua.
Se eu te pedisse…
Sonhavas também.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Quem disse que viver é difícil mentiu.


A parte mais difícil é dizer adeus.

Sem Tempo

Aperto o tempo nas minhas mãos como se fosse meu.
Agarro-o como se, no fundo, agarrasse todas as oportunidades.
Deixo-me ficar na ilusão desse controlo.
Sorrio e nem noto que ele se esvai como areia por entre os dedos.
Abro as mãos e não sobra nada.
Nem oportunidades e já nem tempo para as sonhar.

O Caminho

A viagem continua…
Traço um plano e faço-me ao caminho.
As saudades pesam-me na bagagem.
Mas não me desfaço de nenhuma.
Cada uma tem o seu encanto e a sua dor.
O vento sussurra palavras que não entendo.
E folhas rodopiam numa dança de tons alaranjados.
Há calma.
Há uma serenidade que se veste de frio.
Encolho-me dentro de mim num murchar absoluto.
Assaltam-me considerações perversas e patéticas.
Cresce uma fome de desapego.
Tiro dos bolsos as memórias que trago.
Deixo-as ficar pelo caminho num rasto de luto.
Prossigo em busca de coisa nenhuma.
Nada, nunca encontro nada.
Chego ao fim, nova estrada, novo rumo,
E a viagem continua.