terça-feira, 28 de abril de 2015

Dez Minutos

De dez em dez minutos,
Há só um silêncio onde a tua voz se cala.
E, a cada minuto, aumenta a distância
Onde se perde a graça.
Porque de dez em dez minutos,
É, decerto, outra a voz que te fala,
E nesse compasso desisto e calo a ânsia.
Assim, de dez em dez minutos,
Percebo que,
Antes de tropeçar em ti,
Naquela esquina fria e gasta,
Melhor seria que tivesse caído em desgraça.
Porque a paixão é febre cega,

A rameira de veludo, da mentira, a entusiasta.

sábado, 18 de abril de 2015

Carta ao amigo (que nunca foi)

Felizes os que não mentem, nem a si nem a ninguém.
Felizes os que não vivem de desculpas nem de calculismos fracos.
Felizes os que não têm que lidar com plátanos.
Felizes os que, por sua vontade, arranjam tempo para regar as suas plantas.
Felizes os que não passam por cima de amizades para satisfazer caprichos infantis.
Felizes os que não vivem de exibicionismo e desfiles de vaidade.
Felizes os que não tomam acções para ficar bem na fotografia ou marcar pontos.
Felizes os que não confundem ilusão com paixão e, sobretudo, os que não iludem ninguém.
Felizes os que têm a nobreza de preferir a franqueza à cordialidade hipócrita.
Felizes os que não se enredam no seu umbigo e no seu mundinho banal.
Felizes os que não ficam pela superficialidade e permanecem.
Felizes os que se distinguem por não descartarem as pessoas.
Felizes os que não esquecem e sabem manter a palavra e a verticalidade.
Felizes os que não se escudam em silêncios e distâncias cobardes.
Felizes os que sabem ser homens, os que se assumem e se confrontam.
Felizes os que não fogem nem se melindram com as verdades.
Felizes os que não acumulam fracassos emocionais com a sede de conquista barata.
Felizes os que sabem esperar e não preferem o atalho fácil.
Felizes os que acrescentam e nos tornam gratos pela vida.
Felizes os que conhecem o significado da verdade e a sentem na plenitude das emoções.
E por tudo isto, desejo-te as felicidades que mereces… e dessas, desejo-te as maiores!