terça-feira, 29 de novembro de 2011

Sono

O sono traz memórias pesadas.
Daquelas que se arrastam pelo chão riscado.
O seu eco não deixa espaço à paz do silêncio.
Este sono molda-me a vontade.
Altera-me o batimento regular do coração e das palavras.
Tudo se confunde numa mescla absurda.
A noite diz-me que a morte é o fim.
Mas é mentira…
O escuro é ardiloso e tolda a vista cansada.
Como cansado está já todo o corpo.
Inerte e endurecido na espera de uma imagem à qual jamais voltará.
O sono é este inferno onde os desejos gritam de dor.
É por isso, e só por isso, que teimo em não adormecer.

sábado, 26 de novembro de 2011

Os Teus Olhos

Olhos que queimam.
Olhos que rasgam.
Olhos que amam.
Olhos sem medo.
Olhos que vêem.
Olhos que assaltam.
Olhos sem sobressalto.
Olhos que guardam.
Olhos que abraçam.
São olhos como tantos outros.
São os teus.
E são meus, esses tais teus.
Meus, sempre que olham no fundo destes meus!

O Mundo Morre

A porta bate e as janelas escancaram-se num grito alto.
O vento entra num rompante de lamento aflito.
É frio e o ar pesado gela tudo.
A pele eriça-se num arrepio que vem do fundo.
O coração sangra e encolhe-se em defesa.
A folha cai em silêncio duro e seco.
A luz apaga-se num escuro solene e defunto.
E enfim, o mundo cai nessa espera em que sempre morre o mundo.