segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Carta aberta à baixeza de espírito

Oh baixeza, se é que me ouves, ouve com atenção!
Eu posso descer à lama, posso rastejar nela.
Mas nunca, ouve bem baixeza, nunca vou lamber botas!
Porque na vida há quem beije pés, e eu beijo tantos.
Mas lamber botas, nunca! Antes morta!
Perder-me em esquemas de importâncias vãs e sujas, nunca!
Sabes baixeza, na vida há quem se dê demasiada importância.
Importância que só existe nas suas cabeças.
Cabeças pequenas que alimentam o ego em compras e vendas de um poder que não têm, um poder poucochinho como o seu espírito minúsculo.
E a culpa é tua baixeza, a culpa é mesmo tua, sua parva!
Ouve baixeza, na memória ficam só os grandes, os que não se rebaixam ou se vergam com medo.
Na memória ficam os que lutam pela verdade, os que mesmo na lama mantêm a verticalidade.
Sabias baixeza?
Só que tu baixeza, reduzes as pessoas a uma espécie de plasticina tão maleável quanto os desejos pérfidos das mãos em que caem.
Pois, eu sei que não sabias…
E sabes baixeza, eu posso dançar na lama porque eu, mesmo na lama, tenho coluna vertebral, mantenho a palavra.
Minha cara baixeza, na vida há os que importam e os que se julgam importantes.
Porque, lembra-te baixeza, as pessoas mais vazias são as que vivem cheias de si.
E na vida, há quem arrote a si de tão cheio.
E tu baixeza, vives nestas pessoas.
Haja misericórdia às suas almas!
Oh baixeza, diz-me tu, estas pessoas têm sangue?!
Eu não sei… juro que não!

Mas, retém esta baixeza, quando não há laços, respeito, honra, dignidade e outras tantas qualidades que desconheces ou que matas…quando não as há, o sangue não basta!

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Preto e Branco

Na caixa guardo as cores, para depois.
Na mão, seguro o preto.
Preto carregado, é preto sem dúvida.
Intransponível como tudo o que há para dizer.
A folha perde a palidez,
Tinjo palavras no papel.
Mas o branco, continua branco,
Em cada espaço, em cada silêncio.
É branco alvíssimo, sem dúvida branco.
Puro, como o toque de almas nos corpos.
Como todos os beijos e abraços que demos.
Se fecho os olhos parecem poucos,
E demos tantos.
Mas não há dúvidas,
O preto, 
Verdadeiramente preto, 
No branco,
Imaculadamente branco,
Diz saudade, diz que não volta, diz fim.