Oh
baixeza, se é que me ouves, ouve com atenção!
Eu
posso descer à lama, posso rastejar nela.
Mas
nunca, ouve bem baixeza, nunca vou lamber botas!
Porque
na vida há quem beije pés, e eu beijo tantos.
Mas
lamber botas, nunca! Antes morta!
Perder-me
em esquemas de importâncias vãs e sujas, nunca!
Sabes
baixeza, na vida há quem se dê demasiada importância.
Importância
que só existe nas suas cabeças.
Cabeças
pequenas que alimentam o ego em compras e vendas de um poder que não têm, um
poder poucochinho como o seu espírito minúsculo.
E a
culpa é tua baixeza, a culpa é mesmo tua, sua parva!
Ouve
baixeza, na memória ficam só os grandes, os que não se rebaixam ou se vergam
com medo.
Na
memória ficam os que lutam pela verdade, os que mesmo na lama mantêm a
verticalidade.
Sabias
baixeza?
Só
que tu baixeza, reduzes as pessoas a uma espécie de plasticina tão maleável
quanto os desejos pérfidos das mãos em que caem.
Pois,
eu sei que não sabias…
E
sabes baixeza, eu posso dançar na lama porque eu, mesmo na lama, tenho coluna
vertebral, mantenho a palavra.
Minha
cara baixeza, na vida há os que importam e os que se julgam importantes.
Porque,
lembra-te baixeza, as pessoas mais vazias são as que vivem cheias de si.
E na
vida, há quem arrote a si de tão cheio.
E tu
baixeza, vives nestas pessoas.
Haja
misericórdia às suas almas!
Oh
baixeza, diz-me tu, estas pessoas têm sangue?!
Eu
não sei… juro que não!
Mas,
retém esta baixeza, quando não há laços, respeito, honra, dignidade e outras
tantas qualidades que desconheces ou que matas…quando não as há, o sangue não
basta!