quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ontem houve poesia

Ontem bebi café e...bebi palavras, muitas palavras.
Palavras bonitas, algumas rudes ou abrutalhadas, palavras verdadeiras, sentidas.
Palavras não minhas nem das pessoas que lá estavam.
As palavras eram do Pessoa.
O genial, o incomparável, o louco mais saudável que eu já vi.
Eram dele as palavras, dele e do seu fiel amigo e companheiro.
Esse mesmo... Mário de Sá-Carneiro.
Companheiros na dor e no infortúnio da vida.
Palavras únicas, inegavelmente tão actuais, porque os sentimentos não têm prazo.
Se gostei ?!
Amei... como sempre!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Surpreendente Traição

As máscaras caem.
Abre-se o pano do engano e da desilusão.
Surge ao fundo, envolta em veludos pesados de tons verde acinzentados.
Caminha segura...
Poderosa.
Altiva.
De faca empunhada no seu pulso firme e frio.
Aí vem ela.
Vem pelo caminho ardiloso..
Ela... a Traição!

Traição

Imagina uma faca delicada e meticulosamente afiada que, gradualmente ou num segundo apenas, te entra na pele e te corta a carne com uma facilidade assustadora e feroz.
Dói! Dói bem lá no fundo!
A traição é bem assim, uma dor dilacerante, agonizadora, profunda, é uma espécie de ataque surrateiro e inesperado, que muitas vezes nos apanha desprevenidos.
A traição veste-se com tantas roupas diferentes e usa tantos artificios para se esconder, para nos enganar. Mas confesso que até prefiro aquela que vem nua. Despida de tudo e, por isso, menos surpreendente.
Prefiro a traição esperada, a que não espanta, mas que magoa da mesma maneira.
E não falo da traição ente homem e mulher, a traição amorosa….falo da traição no seu sentido amplo, em todas as suas amplitudes.
Traição é engano!
Traição é fuga!
Traição é ironia!
Traição é guerra, é morte é fim!
Creio que todos já foram de alguma forma atraiçoados, traídos nas suas confianças, no entanto, soaria a hipocrisia admitir que há muitas pessoas que nunca trairam.
Deve poder-se contar pelos dedos de uma mão.
Na verdade, quase todos já traíram alguém num segredo mal guardado, em expectativas depositadas em si… Outros traíram a sua fé, a sua pátria ou alguma ideologia.
Muitos traíram na cama, no sexo, mas não esses os maiores traidores.
Os maiores traidores são os que usam máscaras, mentiras de veludo, gestos de cetim, esses que iludem, que prometem, que juram e que dão os famosos abraços tão apertados quanto letais na sua falsidade. Os que conseguem mentir com os olhos e quase com a alma, os mascarados, uns infelizes assassinos.
Judas!!!
Mil vezes Judas!!!
Há tantos judas à nossa volta!
Importa referir aqueles que traem com a boca,mas nunca com os olhos ou com o coração. Esses são os fracos, que se traem a si próprios na tentativa frustrada de fazer melhor ou supostamente certo!
A traição é um ferida, tantas vezes incurável, tantas vezes mói e mata.
Mata a confiança que no malabarismo dos sentimentos, é a bola de vidro. É bola que se cair não salta de novo, ao contrário, parte-se no chão em mil pedaços impossíveis de colar ou recuperar.
Trair é partir a confiança!
A traição é isto e muito mais que não me sai em palavras. A traição é essa faca afiada ou um simples canivete que vem não se sabe bem porquê e nos fere em vários golpes.
A vida é mesmo assim….a faca espeta e surge o inevitável “Porquê?!”.
Traição é uma ardilosa cilada, uma má-fé que nos derrota, nos maltrata e nos desmancha de quando em quando…