Adoro ver-nos lá longe no baú das recordações.
Lá a nossa história tinha beleza e nós éramos mais bonitos…mais puros, mais genuínos e muito mais sonhadores.
Naquele tempo tudo era intensamente sentido, éramos imortais e não tínhamos idade.
Lá atrás a vida corria-nos nas veias, a paixão saltava-nos dos olhos, nunca estávamos cansados um do outro, aliás nunca estávamos um sem o outro!
Traz saudade pensar que os nossos laços já foram inquebráveis…naquela altura nenhum sentimento se esgotava e as palavras não se transformavam em armas afiadas e letais.
Um passado inatingível, desmesuradamente distante que até parece uma outra vida.
Uma vida estranhamente perdida no meio de nostalgias, ausências e melancolias.
Esta vida que acorda a cada passo do meio do pó, não se deixando apagar ou esquecer… teimosamente lembra-me que existiu e desperta-me o imaginário do que nunca aconteceu.
Faz-me voltar ao "se", ao "porquê" ao "destino"…à "escolha".
Foste meu naquele pretérito que fica muito para lá do que a vista alcança e do que o coração sente.
No entanto, houve tanto que nunca foi, tanto que não se realizou nem se sentiu… tanto que nunca demos e nunca fomos!
O que faltou ressalta a importância de se tentar, para que não haja espaço no futuro para lamentações e arrependimentos.
Não tentamos, mas a nossa beleza reside aí, no que não aconteceu, não transformando a nossa excelência em vulgaridade!
Não demos o beijo…e agora tudo é excessivamente antigo e com gosto a mofo.
Guardo-te para sempre na outra vida, que não morre nem tem fim.
Estás cá, estás presente dentro de mim…continuamos irresistivelmente belos e inesquecivelmente especiais nas lembranças… mas, tão-somente nelas!
Por isso, deixo-te ficar arrumado naquele passado, é lá que gosto de ti…não hoje!
Gosto tanto quando olho para trás...
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