Tenho um sonho descorado.
Esfolado, roto, irremediavelmente desconcertado.
Tenho fome de lucidez.
Constante sem ser permanente.
Que sobrem momentos de alucinação e desvario.
Tenho urgência de desapego.
Que se desgarrem de mim as esperanças.
Que se calem essas vozes sábias e certeiras.
Ninguém pediu conselhos insossos.
Quero mandar as estrelas às favas.
E encomendar a morte da noite que não chega.
Tenho sede de escuro e de treva.
A luz é traiçoeira para quem se revela.
Quero ser impermeável aos mares de dor.
Atiro o coração pela janela e desejo que se parta.
Ou que os raios o partam que eu já não o suporto.
Não quero que volte, não quero que bata à porta.
Que vá encontrar o seu rumo e me deixe em paz.
Tenho desejo dessa pasmaceira que a tantos faz feliz.
Ou sei lá, cortar o destino aos pedaços.
E juntá-los conforme as minhas ganas.
Tenho vontade de lançar sortilégios à própria sorte.
Chego a temer ser-me uma lástima.
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