segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sentir sem Saudade

Não importa o que fizemos com aquele dia.
Se tu mataste a eternidade com a falta de vontade.
Eu maltratei a calma com mágoas que não eram tuas.
Não importa que estejamos sujos e rotos como um trapo.
Em mim tudo foi vivo e isso é já tanto.
Tenho nas mãos todos os sentimentos que agarrei.
Deixei que as palavras se fossem com as contrições pesadas.
Ninguém precisa delas, que só cansam o sentir.
Deixei que escorressem por mim com todos os enganos e fraquezas.
Lavadas num mar de solenidade e paz.
Como uma chuva que purifica as almas desavindas.
De nada serve o orgulho fechado na gaveta da vingança.
Porque a desilusão é natural em quem sonha.
E nós sempre fomos selvagens com a imaginação.
Nada há para perdoar ou esquecer.
Não há nostalgias acesas.
Há somente desejos lassos guardados num tesouro antigo.
Sem nenhuma pressa, remexo as lembranças.
Rasga-se no rosto um largo sorriso.
Entro num tempo ido com a música perfeita.
Dançamos naquele jeito pausado e concertado, tão distinto e nosso.
Tu falas-me ao ouvido, eu faço "shiuu" como sempre.
É como se sentisse…
É como se estivéssemos lá, naquele momento que não volta.
O que importa que jamais pertençamos à mesma cena?
Assim me perco num momento em que se enlevam as memórias.
Sabe bem, sabe a vida e a verdade.
Sabe a sentir sem réstia de saudade.

Sem comentários:

Enviar um comentário

diz que disse...