quarta-feira, 20 de março de 2019

Aos 33… (o texto do costume)

Fui mãe da minha Carlota bolota, a bebé mais simpática e tranquila do mundo (do meu mundo, vá) e poderia resumir este ano a essa maravilha.
Tive medo… medo de não ser capaz, medo de morrer, medo de perder alguma das pessoas que amo, medo de não ser boa mãe, medo de não saber o que fazer, medo de me sentir só, medo de trazer ao mundo a minha filha, medo de ficar doente, medo de falhar… Okay okay, sou uma medricas assumida.
Comi como um pequeno alarve e sem arrependimentos.
Estive sóbria como nunca, não bebi álcool, nenhum tipo de álcool, nem um copo, nem meio copo, nem o fundinho, nem uma gotinha, nem sequer senti o cheiro … nada, nadinha… água!
Chorei algumas vezes (muitas vezes), sobretudo de cansaço e saudade, daquela irreparável.
Dormi mal, dormi pouco…ainda durmo mal e pouco, e acho que isso me está a afectar a memória.
Senti-me perdida algumas vezes e só, senti-me só com alguma frequência.
Tive saudades intermináveis e dolorosas de pessoas, de momentos, de sentimentos. Tive saudades do meu Peter e pensei nele quase diariamente – ainda dói.
Dei abraços que recebi em dobro - não, recebi em triplo e percebi que sou uma mimalha.
Pedi colo e muito mimo.
Tentei ser o mais tranquila possível e acho que consegui. Mas fiz dramas, daqueles de por as mãos na cabeça.
Dei muitos mergulhos no mar e em cada um deles senti que a vida é maravilhosa e que o mar cura muita coisa (não tanto como o tempo, mas cura).
Revisitei lugares físicos e emocionais.
Vasculhei baús para recordar sem sofrer, apenas para me reencontrar.
Senti-me especial – tenho uma família e uns amigos maravilhosos que amo de paixão e que me fazem crer nisso.
Quase não escrevi, ou melhor, não escrevi de todo e percebi que mais do que falta de tempo, se deve ao facto de me ter afastado da leitura. Aprendi que não podemos fazer nada se nos afastamos do meio. 
Saí três ou quatro vezes e voltei sempre antes das 4h30 – isto de ser mãe muda mesmo as pessoas!
Dancei pouco, bolas, dancei mesmo pouco – isso dá cabo de mim!
Fiz promessas a mim própria e já comecei a cumpri-las.
Tentei rodear-me só de pessoas que me querem bem e troquei quase todos os programas pelo convívio com a família.
Apertei o meu Zé Maria tanto, mas tanto, que acho que o meu sobrinho passou a evitar os meus abraços.
Tive conversas (diria monólogos) com a minha filha com a consciência de que ela não percebeu nada do que lhe disse, mas pronto, disse-lhe. E disse-lhe repetidamente que a amo e que sou pateta.
Ri-me muito de mim e percebi que é das melhores coisas que podemos fazer.
Senti-me velha, vi nasceram cabelos brancos como nunca, achei que tenho mais rugas e queixei-me imenso disso tudo. – Sim, eu sou uma queixinhas e pateta e exagerada e dramática.
Conheci pessoas novas (e maravilhosas) e dediquei-me a construir laços com algumas.
Senti falta do trabalho – sim, foi uma coisa passageira, mas senti.
Sorri para estranhos e fui retribuída.
Treinei pouco e percebi que há músculos que são uns traidores – god, o meu glúteo sofre de amnésia!
Amei mais, perdoei mais, dei-me mais sem pensar ou me importar com julgamentos.
Marimbei-me para as opiniões alheias literalmente porque ainda há muitas mentes do tamanho de ervilhas.
Fui mais responsável e preocupada.
Vivi a correr e embora continue a conduzir devagar, quase tive um acidente.
Dei gargalhadas profundas, sonoras, daquelas que nos dão anos de vida.
Não fiz a viagem – caramba, mais um ano em que não fiz a viagem.
Perdi a paciência meia dúzia de vezes e amaldiçoei as hormonas.
Desejei pouca coisa mas sonhei muito e percebi que tudo se vive agora e não vale a pena sofrer por antecipação.
Voltando ao início… fui mãe aos 33 anos e percebi que tudo mudou para sempre, mas continuo a impor-me a felicidade, com tudo o que isso implica (desengane-se quem acha que isso é fácil)… fui feliz!

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