quarta-feira, 20 de março de 2019

Querida Carlota Bolota

Querida Carlota Bolota,
Escrevo-te enquanto dormes ao meu lado ao som de Vitalic (tens gostos peculiares para dormir), ou devo dizer, escrevo-te enquanto posso (isto de teres um temporizador no estômago dá cabo de mim).
Já passaram quase dois meses desde que te conheci – e quase dez desde que não bebo um whisky, lembra-te sempre disto quando te apetecer mandares-me dar uma grande volta.
Quando baixaram o lençol e te vi pela primeira vez achei-te linda e muito ”branquelas”, choravas como se fosse acabar o mundo. E quando te pousaram no meu peito (céus, esperei ansiosamente por este momento!) e te calaste de imediato percebi que a natureza está mesmo bem-feita – controlei-me para não chorar (sabes que a tua mãe tem dificuldade em chorar quando está sozinha no meio de estranhos).
Do outro lado da porta já tinhas as tuas avós e o teu pai à espera, aliás, já tinhas um montão de gente à espera de te abraçar - sim, também tinhas o Frank Farmer - o anfíbio verde que te acompanha sempre.
Toda a família (de sangue e de coração) está deliciada contigo, o teu irmão é super carinhoso contigo e diz que és “tão bonita” e o primo Zé Maria ri-se de cada vez que te vê, todos os tios e tias se derretem e te querem dar colo – estrafegam-te de beijos e eu também, como sabes.
Chegaste com uma serenidade surpreendente e até me pergunto a quem saíste tu, minha bolota calminha.
Não herdaste os meus olhos – sua pequena traidora! E ainda me pergunto se herdarás os meus caracóis.
Têm sido dias muito cansativos mas profundamente especiais, acho que estamos quase uma dupla perfeita não fosse a minha inexperiência e a tua preguiça exagerada.
Quero que saibas que os meus momentos de desespero não são culpa tua, eu é que sou uma mãe desesperadinha – mas tudo me passa de cada vez que sorris e tu és uma gordinha risonha que só visto. Apesar de ontem me teres pregado um valente susto - tem piedade que este pobre coração não aguenta!
A cada dia custa-me mais afastar-me de ti, embora não veja a hora de ir dar um pé de dança, mas sei que entendes a tua pobre mãe, embora já tenha percebido que gostas de boicotar a minha vida social - sua mimalhinha!
Sei que, por enquanto, um dos teus lugares favoritos é encostada ao meu peito (tenho que admitir que também gostas do peito do teu pai) e para já estamos bem assim.
Aproveito para te lembrar que no “matter what” (a mãe a tentar introduzir-te o inglês), vou amar-te sempre (até nas noites em que não me deixas dormir) e apertar-te contra o peito sempre que puder.
Gosto muito de dormir contigo e que sorrias assim que me vês quando acordas.
Sabes, todos têm um nome carinhoso para te chamar, já eu tenho um sem fim de nomes que já deves estar fartinha de ouvir – “minha leitinho azedo”, “sapinha branquelas de sua mãe”, “badochinha”, “regueifas das neves”, “monkeyzinha da mami”… Mas também te chamo muitas vezes “meu amor” e “vida da mãe” porque, nunca te esqueças, a vida sem amor não existe e tu és já toda a minha vida!
Um grande beijo da mãe pateta que te ama.
27-10-2018

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