quinta-feira, 18 de março de 2021

Aos 35 (a poucos dias dos 36)

Aos 35...

Será injusto dizer que fiz pouca coisa mas, talvez, tenha feito mesmo pouca coisa.

Apesar disso, não posso negar que foi um ano de crescimento, de conhecimento interior e de aprendizagem profissional e pessoal.

Se conheci pessoas novas não me lembro, não me marcaram ou talvez esteja demasiado cansada para recordar.

Aprofundei laços com pessoas que já conhecia.

Fui sincera, obstinada, agressiva na minha condição natural de me expressar, discuti por nadas aparentemente enormes e reconheci que pode haver versões diferentes (e válidas) da mesma história porque cada um tem os seus traumas, fantasmas e experiências e retém as coisas de acordo com isso.

Dei beijos e abraços infindáveis à minha filha e disse-lhe diariamente que amo e que ela é toda a minha vida.

Tive saudades incontroláveis de pessoas, de momentos e de lugares.

Senti-me a entrar naquele poço que não visitava há alguns anos e percebi que ninguém me pode resgatar se eu não me agarrar.

Mudei de casa, de vida, e aumentei verdadeiramente a família e os amigos.

Dancei pouco. Pouco? Bem, não dancei quase nada.

Levaram-me a conhecer um sítio lindo, deserto, quente, de água limpa e quase virgem e recordo esse dia, esse lugar e tudo quanto vivi com a maior paixão – obrigada Pedro!

Percebi que quase toda a música, ultimamente, me faz chorar mas que me eleva o espírito nos dias cinzentos.

Fecho os olhos e não me lembro de ter bebido whisky. Credo, será possível?! Mas bebi white russian como se não houvesse amanhã.

Fui novamente tia e senti o coração crescer- ser tia é um amor tão grande, céus!

Tive conversas impressionantes com a Carlota que me fazem crer que a vinda dela ao mundo não pode ter sido um acaso.

Perdi um tio muito querido e percebi que não podemos adiar os abraços, os beijos e o amor.

Fui duas vezes para o bloco – e não foi o de esquerda. – Seja louvado quem inventou a anestesia e descobriu a morfina!

Senti na pele a fragilidade e a incerteza da nossa condição humana enquanto corpo, carne e osso, e a solidão de um quarto que não é nosso.

Amei ainda mais quem já amava (se isso for possível) e gostei de descobrir novos encantos nas minhas pessoas de sempre.

Resignei-me perante mágoas, revoltas, vinganças e calculismos de pessoas que não são livres e não se querem libertar.

Não abracei os meus amigos e a minha família como de costume e pergunto-me até quando vamos ter que alimentar este medo – Preciso tanto de abraços, de beijos, de mãos nas mãos, de festa…

Acho que aprendi a sorrir com os olhos – ufa!

Tive medo e senti-me insegura, muitas, muitas vezes.

Calcei galochas e arranquei ervas às cenouras e às batatas.

Sonhei pouco e dormi mal.

Não dei nenhum mergulho no mar e quase me dá vontade de chorar ao pensar nisso - mergulhei numa piscina biológica de água verde, com rãs e afins mas não vale a mesma coisa.

Embebedei-me 3 vezes que me lembre, quase não comi alheira nem chocolate – talvez seja mentira que as coisas nunca mudam.

Voltei a interessar-me pelas artes manuais, pela cozinha e senti-me mais criativa mas devora-me a alma não ter escrito nada.

Afastei-me.

Chorei só de tristeza pelas minhas dores e pelas dores de pessoas de quem gosto.

Andei, pela primeira vez, de cavalo no meio da natureza e amei.

Não quis acreditar que vou fazer 36 anos, tive dificuldade em dizer a minha idade algumas vezes por não conseguir lembrar-me e cheguei a acreditar que tinha 33 – alguém solidário comigo?!?

Voltei a ter a certeza de que amar não chega, nem o amor cura tudo mas é sempre o amor que nos une, nos faz manter a coluna recta e nos salva o corpo e a alma!

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