sexta-feira, 20 de maio de 2016

Aos 30

Tive o melhor domingo de sempre que só acabou na Segunda-feira.
Dancei tardes a fio, sozinha no jardim com um copo de gin.
Troquei de carro, finalmente.
Senti-me profundamente triste e percebi que o amor nos salva.
Mudei e acreditei.
Afastei-me de pessoas de quem gosto para não me esquecer de mim.
Não fiz fretes e disse "não" mais do que alguma vez.
Comecei a trabalhar numa coisa de que gosto.
Não faltei aos treinos e “dei o litro”!
Fiz abstinência de chocolate durante 40 dias, temi não sobreviver.
Conheci muitas pessoas novas e encantei-me com algumas.
Senti-me uma baleia e comi brócolos como se não houvesse amanhã.
Embebedei-me três vezes, sempre sem intenção.
Sofri e chorei por várias pessoas que amo, nunca de alegria.
Tive medo.
Aprendi muito e desvalorizei problemas.
Mergulhei num mar deserto e senti a vida no seu esplendor.
Dei abraços muito apertados mas recebi muitos mais.
Perdi o comboio de Lisboa para o Porto e apeteceu-me perder o seguinte e o outro e o outro.
Dormi pouquíssimo e amaldiçoei o despertador.
Dei beijos, muitos beijos.
Perdi a cabeça e cortei o cabelo acima do ombro.
Tive saudades intermináveis e dolorosas.
Revisitei velhos lugares e deslumbrei-me com novos.
Falei com estranhos e foram muitos.
Perdoei mas não voltei.
Superei a fobia ao telefone mas só profissionalmente.
Paguei dívidas e fiz promessas.
Tive conversas longas e profundas e discussões acesas e parvas.
Zanguei-me com uma pessoa importante e não recuperei.
Chorei a olhar para o Tejo num pequeno-almoço regado a vinho.
Não fiz a viagem e percebi que talvez não a farei tão cedo.
Senti-me estranhamente calma e em paz.
Ouvi sermões e dei muitos conselhos.
Escrevi nada ou quase nada e deprimi-me – este texto devia ter sido escrito há 2 meses.
Desejei que alguns momentos não acabassem.
Dancei, dancei, dancei e, mal dos outros, também cantei a plenos pulmões.
Dei gargalhadas daquelas que vêm do fundo e sorri com tudo.
Rezei muito e com muita fé.
Quase me apaixonei por uma pessoa pela segunda vez.
Disse “amo-te” sempre que pude e amei, amei em plena consciência e não há melhor do que isso.
Senti-me velha e tive os primeiros cabelos brancos – oh não!
Fui feliz na medida certa e agradeci como nunca!

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