E sem querer eu era medo.
Um medo absurdo, um medo com culpa.
Não era capaz.
Continuar por entre sentimentos despovoados.
Não era mesmo capaz.
E sem querer eu mentia.
Escondia as aflições em sorrisos de paz.
E nos olhos que aprenderam a calar.
E sem querer desejava acabar.
O fim pareceu-me sempre menos doloroso.
Como se fosse só ali desligar a luz.
Mas eu tinha medo, sempre tive medo.
Não queria desvendar mais segredos.
Os passos falhavam tantas vezes.
Recuava e recusava com medo.
Não podia magoar-me mais.
Não podia corromper mais esperanças.
Não podia acreditar em mais teorias alheias.
Fingir sonhos e vontades.
O único desejo era partir, acabar com o mistério.
Ah… e o medo, esse imbecil.
E sem querer fugia da realidade.
Desta vida hipócrita de verdades montadas e vaidosas.
E então a saudade assaltava a alma, o corpo e tudo em redor.
E eu tinha medo de não conseguir matá-la nunca mais.
E sem querer ficava, ficava sempre.
E o medo ficava comigo também, sempre comigo.
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