Escondes-te por entre paredes de lodo.
Reconstróis tímidas muralhas de lama.
Da mais fétida e frouxa espécie de tapume.
Não consta que a desonra se possa cobrir assim.
Mergulhas num colossal poço de infâmia.
Tropeças em poeiras que se levantam e turvam o horizonte.
Rodopiam em volta de ti em danças atraentes.
E cais, cais sempre…
Segues por cada esquina onde procuras o aconchego que não chega.
São abraços desesperados e fáceis que te procuram por lá.
É tudo tão comoventemente falso e trágico.
Não te sobra nada, há só um vazio calado.
Um preço demasiado alto para uma fraqueza sem controlo.
Já não te conheces e repudias toda esta desdita.
Mas há uma falta que grita e te inflama.
É agigantada, assustadoramente superior a ti.
Consome-te o corpo impecavelmente vestido de inércia.
Suplica-te que faças a vida correr nas veias.
E tu dás-lhe, entre cada espasmo impiedoso, o alimento envenenado.
A cada dia o lamaçal se torna maior e mais sujo.
A cada dia espreitas com indiferença o precipício da destruição.
Desejas que o fim inunde tudo definitivamente.
Que se te apresente breve como a vida que deixaste passar.
Queres que o êxtase vá subindo no seu modo calmo.
E que a paz te abrace pondo fim à miserável luta.
Esta revolta…
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