sexta-feira, 8 de abril de 2011

Coração que não desiste!

O coração encolheu-se, aninhou-se dentro do peito num gesto de cansaço.
Acabrunhado como um papel inutilizado que se amachuca e se amontoa no lixo.
Abraçou-se a si próprio num aperto doloroso de quem se parte.
Roto nas suas emendas gastas.
Incontrolavelmente aberto em ferida, este coração que não me segue.
Mesmo assim o quero, sem razões o quero.
Porque sente, porque me escuda, porque sofre por mim e me recompõe.
O coração gritou, torceu-se, revirou-se e senti-o agonizar naquela dor.
Dor de desilusão, dor de quem correu pelo nada.
Corri para ti a meio da noite e quando cheguei ninguém me esperava.
E fui descalça ao teu encontro, num ímpeto desgraçado.
A casa estava vazia, como este coração agora despejado.
E se a alma não verteu lágrimas, o coração murchou em choro.
O coração não dói, dizem eles.
E eu digo que eles não sentem, que se sentissem saberiam do que falo.
E eu falo do perigo das viagens do amor dentro de mim.
Sossega que não te censuro, deixo isso para os que mentem e falam sem sentir.
Ah, malditos e pegajosos corações ásperos e desacreditados!
O meu coração está só num baloiço de corda atado em nó na garganta…
Mas, mesmo embrulhado em ânsias não se resigna nem desiste!

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