quinta-feira, 29 de março de 2012

Quando me dizes ao ouvido...

Quando me dizes ao ouvido, com toda a calma, que me amas.
Sinto como se estivesses, com toda pressa, a gritá-lo ao mundo em jeito de confissão.
Gosto que me digam - sou teu!
Gosto que me peçam para dizer - sou tua!
É bonito este sentimento de entrega que se mistura com a importância de podermos possuir alguém.
Mas é mentira.
Quem ama não tem.
Quem ama cuida só de amar.
Se fosses meu, se eu fosse tua, nada restaria para amarmos um no outro.
Quem possui não ama porque a posse mata o amor.
Quando me dizes ao ouvido que ninguém te teve como eu te tenho, é como se acreditasse que somos um do outro.
É como se nos esgotássemos um no outro, nos fundíssemos num só.
E é quando desejo ser tua, sem o ser de verdade.
É quando te digo baixinho ao ouvido que sou tua, numa declaração de impossibilidade sonhada.

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