sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Mal-Amadas

Todas elas dissimuladamente belas e imperfeitamente completas.
Mãos e olhos brilhantes, regaços confortantes, abraços firmes.
Amadas e surpreendentemente deixadas de forma precoce.
Sem tempo de aprofundar os laços, sem tempo de se mostrarem por inteiro.
Algumas delas rasgadas, de peitos esfarrapados pela desilusão.
Tão usadas, tão gastas pela amargura.
Algumas delas fracas.
Debilitadas pela ausência de sentimentos profundos, de relações verdadeiramente intensas e recheadas de batimentos cardíacos acelerados.
Muitas delas de fraquezas intrigantes, viciadas no desalento.
Amadas e irremediavelmente sós.
Parte delas apaixonadas demais.
Todas elas incondicionalmente amantes.
Insinuantes, sedutoras.
Jovens de sangue feróz.
Tão desmascaradas quanto genuínas, deixam-se virar do avesso e despem-se mostrando a alma.
Abertas, transparentes, vão ao reverso de si, sem medo.
Cabeças leves e corações pesadamente arrebatados.
Forçadas pela vida a serem exigentes.
Eu espelhada em quase todas.
Não me escondo, não tenho máscaras, pinturas nem disfarces.
Vivo os sonhos, tenho fantasias.
Elas como eu...
Perdidas nas encruzilhadas dos mares insossos, submersas num mar de enganos.
Todas elas e eu... tristemente mal-amadas!